31 de dezembro de 2009

Em 2009 eu...

Me apaixonei. Desencantei. Me apaixonei de novo. Desencantei de novo.
E me apaixonei e desapaixonei umas tantas vezes, mas este não foi um
privilégio apenas deste malfadado ano.

Perdi o emprego, terminei a faculdade, consegui um novo emprego e
continuo sem diploma graças à incrível capacidade das pessoas em
julgar situações que desconhecem.

Me machuquei, torci o pé inúmeras vezes, me cortei, ralei os braços,
os joelhos, caí da escada, da cama e da cadeira. Não ganhei grandes
marcas ou cicatrizes, mas a queimadura que apanhei ontem e hoje por
ficar demais no sol foi suficiente pra aumentar minhas sardas (que já
não são poucas)

Conheci muita gente, embora destes eu saiba que só uma pequena parte
irá continuar ao meu lado para o próximo ano. Conheci muitas músicas,
não tantas quanto gostaria e nem tantas que me fizessem gostar tanto
assim. Conheci poucos lugares, o bastante pra ter consciência de que
ainda há muitos para percorrer. Ao mesmo tempo, em 2009 achei que
conhecia muita gente, mas descobri da pior maneira que se uma vida não
é suficiente, que dirá metade de um ano?

Eu ri, chorei, bebi, cantei, dancei, me desesperei. Perdi horas
preciosas de sono fazendo trabalhos, me preocupando com quem e o que
não deveria, falando e fazendo besteiras na internet e também
pessoalmente. Desmaiei de febre, gritei de medo. Pulei de alegria,
chorei de raiva. Mordi a língua, engoli minhas palavras e provei do
meu veneno. Destruí lares, construí pontes. Fiz tanta coisa, e parece
que ainda não foi o bastante. Nunca é.

Sigo para 2010 sem dinheiro no bolso e nem no banco. Sem lenço, sem
documento, mas com uma canção na ponta dos lábios e encravada no
coração. Das certezas que eu achava que tinha não sobrou quase
nenhuma. Os amores perderam-se junto com o desapego que há algum tempo
venho cultivando. Os amigos que eu podia contar nos dedos, ainda
consigo fechar as mãos pra dar-lhes a força que eu mesma não consigo
encontrar em mim. Os cabelos cresceram, o corpo sofre a ação do tempo,
e desconfio que uma ou outra ruga já começa a dar sinais de que já não
sou uma garotinha.

Cresci muito, e sei que ainda é o princípio. Não peço que tenham pena,
nem quero falsidade ao meu redor. Confesso que não sei me proteger, e
tirarei o chapéu no dia em que encontrar alguém que realmente saiba
fazê-lo.

Feliz ano novo.

13 de dezembro de 2009

Calma!

(não, não tá tudo bem agora, mas vai ficar. Enquanto isso, uma música de Di Melo pra passar o tempo.)

A vida em seus métodos diz calma
Vai com calma, você vai chegar
Se existe desespero é contra a calma
E sem ter calma nada você vai encontrar

Deus, pai criado, criou com calma
E em sete dias muita calma demonstrou
Vocês, aí, tão discutindo, tenham calma
Faça só um sorriso, ele é de aviso, tenha calma!

Pois até hoje sem ter calma desencontro paga
No corre-corre, no desespero, nego até se mata
Vocês, aí, tão discutindo, tenham calma
Faça só um sorriso, ele é de aviso, tenha calma!

Cal, cal, cal, cal
Calma, calma, calma, calma
Calma, calma, calma, calma

Eu falei
Calma na partebra
O goleiro perdeu a mesma
Sem vergonha, olha o histórico

Também falei
Calma nas oficinas
Nos postos de gasolina
Principalmente nas maternidades, hospitais e escolas

Também falei
Calma e silêncio na igreja
E senhora harmonia onde quer que haja calma
Olha as figurinhas
Manhas, façanhas e maranhas com muita calma

A vida em seus métodos diz calma
Vai com calma, você vai chegar
Se existe desespero é contra a calma
E sem ter calma nada você vai encontrar

Deus, pai criado, criou com calma
E em sete dias muita calma demonstrou
Vocês, aí, tão discutindo, tenham calma
Faça só um sorriso, ele é de aviso, tenha calma!

Pois até hoje sem ter calma desencontro paga
No corre-corre, no desespero, nego até se mata
Vocês, aí, tão me ouvindo, tenham calma
Faça só um sorriso, ele é de aviso, tenha calma!

Cal, cal, cal, cal
Calma, calma, calma, calma
Calma, calma, calma, calma

1 de dezembro de 2009

Abres

Aí você se abre ao conhecer alguém.

Abre a webcam
Abre a porta
Abre o sorriso
Abre os limites
Abre a carteira
Abre as pernas
Abre o coração

E abre os olhos.

E vê que a primeira e única coisa que deveria ter aberto eram mesmo os olhos.

8 de novembro de 2009

Da nobre arte de aproveitar o momento

O fim de semana já era uma crônica de morte anunciada há tempos. Morte, neste caso, de alegria. Disse ontem e repito: se eu morresse hoje morreria feliz. Por uma infinidade de motivos e acontecimentos que só ocorrem assim, cadenciados, quando Deus (ou o Universo, ou aquela "força superior", ou o que quiser chamar) mexe os pauzinhos dEle e parece que diz: "Vai lá, minha filha, você não merece mas Eu quero te dar esse presente".

Show do Bresser na sexta feira no Largo de Santa Cecília. Contratempos à parte (e não foram poucos), foi uma grande apresentação. Os meninos têm raça, e capacidade de fazer boa música mesmo em condições adversas. Sem amplificadores decentes, sem backing vocal, sem vergonha e sem medo, mostraram que conseguem agitar e conquistar o público com um repertório de 90% de músicas próprias. Como diz o Mariel, baterista, existe uma diferença enorme entre viver para a música e viver de música.

Sábado de sol, promessa de um festival "aos modos europeus" perto do Jockey Clube. Nem os atrasos, nem os desencontros, nem a péssima organização que antecipou todos os shows, nada disso estragou. Nem a chuva que chegou minutos antes que o Faith No More subisse ao palco atrapalhou. Pelo contrário, foi lindo ver Mike Patton fazendo sua entrada de guarda chuva e o já clássico terno vinho.

Gritei, pulei, me molhei, viajei. Perfeito.

Depois do show nada melhor do que matar a fome numa das únicas lanchonetes 24h do Centro: Estadão. Histórias, mais cerveja (Cerpa, cerveja de responsa) e o tradicional sanduíche de pernil (gigante) que faz a casa ser tão famosa mesmo sem investir um centavo em propaganda.

Fechar um bar no Largo do Arouche nunca foi algo que passasse com facilidade na minha cabeça. Fechar DOIS bares na mesma noite, então? Impossível. (Destaque pra quantidade absurda de casais gays. Me senti quase deslocada sendo hetero e "invadindo" o espaço deles.)

Amanhecer na estação da Luz e conhecer o mano Anderson foi a cereja que faltava em cima do bolo. Fotos? Quase nenhuma. Mas a memória sabe bem o que guardar.

25 de outubro de 2009

Meio século


Fui ontem à festa de bodas de ouro do irmão do meu avô. Chorei litros, revi alguns primos e tive lembranças de pessoas com as quais não convivi, mas que fazem parte da grande (em vários sentidos) família Piasentin.

Meu avô morreu há 24 anos, menos de uma semana depois do casamento do meu pai. O irmão dele é muito parecido com ele, e está com setenta e alguns anos, lúcido porém com alguns movimentos comprometidos. A saúde uma hora pede as contas, certo?

Cumprimentei velhos, não tão velhos e novos primos de segundo, terceiro e quarto grau. Meu pai e meus tios a cada 2 minutos diziam: "Vem conhecer o tio". Pra eles a festa foi bem mais interessante do que pra mim, já que cada par de olhos que me olhavam acompanhava um sorriso sem graça e sempre a mesma pergunta: "Você é filha de quem?". Pra eles foi uma forma de relembrar os domingos da infância passados na casa da nona, regados a Crustolle e vinho para os mais velhos.

Não sei se por muito amor ou por muita teimosia (ou por uma incrível mistura dos dois) os pais da minha mãe estão juntos há 55 anos. Nesta festa eu mais do que assistir ajudei também a preparar homenagens, fazer convites, decorar igreja. Já presenciei algumas bodas de ouro nestes 22 anos. Dos irmãos dos meus avós, dos meus próprios avós, de amigos do meu avô que ele considera irmãos. Nenhuma é igual à outra, mas todas são igualmente emocionantes.

Todos eles superaram dificuldades, crises e diferenças para estar juntos. Deixaram muita coisa de lado pra passar o resto da vida com as pessoas que amavam. Andava eu meio cética a respeito de vida a dois, mas ontem me lembrei que tenho na minha vida exemplos de sobra que me fazem ter certeza que se for a pessoa certa valerá muito a pena.

23 de outubro de 2009

Mais uma noite

Escrito na madrugada de ontem.

(00h08) Passei meia hora me olhando no espelho. Comecei como quem não tem mais nada útil pra fazer, cuidando das espinhas e arrumando a sobrancelha; mas depois comecei a reparar em mim mesma. Olhei de lado, olhei de cima, olhei de baixo. E não vi mais nada.

Não vi mais aquela criança que adorava assistir desenho na TV e andar de patins, mesmo que isso a deixasse com enormes bolhas nos pés chatos. Não vi mais aquela adolescente mimada, que gostava de espiar de longe os meninos da escola dela quando jogavam futebol e ficavam se exibindo pras menininhas. Não vi mais aquela mulher que ainda não está pronta, que mal sabe das coisas do mundo mas insiste em fingir saber, só pra que não a façam de tonta.

Não vi mais do que uma adolescente ainda criança, assustada com a possibilidade de ter que virar mulher antes do planejado. Não vi mais do que uma moça desiludida da vida, lutando pra que ela ainda tenha alguma cor, algum sentido, algum fim. Não vi mais do que olhos castanhos (como os de toda a gente) deixando escorrer uma lágrima que não deveria estar ali. Não vi mais do que cabelos vermelhos molhados, que ao secar fazem caracóis bonitos mas quanto mais ela se esforça por cuidar mais lisos e disformes eles ficam.

Não vi dentro dos olhos dela nenhuma luz que pudesse sair. Havia uma lanterninha fraca, quase sem pilha, acesa lá no fundo. E um coração apertado, quase escondido, meio caído, meio dormindo. Foi isso o que eu vi, e me assustei, e chorei, e saí correndo da frente do espelho, por não querer ver mais nada. (00h38)

21 de outubro de 2009

Frases roubadas

Duas semanas de noites insones e mente culpada (e ocupada) demais. Ouvi demais, falei de menos e tive que trilhar de novo alguns caminhos que eu achava que já haviam ficado pra trás. É a Vida? Definitivamente não a que eu escolheria, se tivesse essa oportunidade. Então estas são apenas partes do que aconteceu e ainda acontece por aí:

Você é novinha demais pra entender.

Não é bem assim.

Sim.
Não.
Nunca mais.

Você não aguentaria um dia.

Não duvide de uma ruiva.

A culpa é sua.
A culpa não é sua.
A culpa é minha.

Você não presta. Nunca prestou.

Você me levou pro mau caminho.

Por quê?
Pra quê?
O que você pensou?

Que inferno.

É a derrota.

-Tem um remédio pra ressaca moral aí?
-Não, mas esse aqui vai te fazer dormir.

Traz mais uma por favor?

Queria voltar no tempo.
Já faz muito tempo.
Faz tanto tempo!
Dê tempo ao tempo.

Fica bem.

14 de outubro de 2009

Das facilidades da Internet

Trem bão que é essa tal de Internet.

O mundo fica a seus pés.

Só tome cuidado pra que seus pés não deixem o mundo.

8 de outubro de 2009

Little poem

Keep your faith.
Put your dreams in a box.
The fight is coming and
You don't want to loose them.

Let the tears wet your face,
You don't need to take them with you.
The red liquid that crawl in your veins isn't blood
It isn't the blood that you feel burning in your heart.

Your heart...

Don't bring your heart to the battle field.
This is the only way you have to win.

And, in the end, when all is over
Dance, pray and honor your God.
The victory is His.

Sarah Kelly - 08/10/2009

4 de outubro de 2009

Pois acabou, não vou rimar coisa nenhuma, agora vai como sair.

Domingos à noite são péssimos momentos pra experimentar tédio, solidão ou carência. Quando todos vêm juntos é o fim do mundo. Ladies and gentlemen, welcome to my personal apocalipse!

Quero escrever tudo o que está na minha cabeça mas estou sem palavras, seja em qual idioma vierem. Geralmente eu uso inglês pra isso, parece que a dor flui mais fácil na língua da Rainha, mas afinal de contas eu sou apenas uma princesa que luta por algum espaço neste mundo que não acredita mais em contos de fadas. Ou poderia usar castellano, a língua sexy e proibida, com todas as palavras lascivas que uma pessoa carente deseja tornar realidade.

Tudo o que eu queria dizer já foi dito, e não me sinto muito à vontade pra simplesmente copiar e colar tudo aquilo.

And I can't be holding on to what you got
When all you got is hurt.

Dói, ninguém nunca disse que seria fácil, mas tá sendo mais difícil do que eu gostaria. E quem me conhece sabe que eu não ligo pra dor. A dor interna, óbvio. De dores físicas já me bastam aquelas que infelizmente não posso evitar. Dói, mas passa. Dói, mas dói de um jeito bom. Me faz sentir viva, respirando. Faz pensar em cada gesto e planejar cada passo. Faz perder a direção, o sentido e a noção das coisas. Faz acelerar o coração e o sangue fluir por todo o corpo. Dá vertigem, calafrio. Dá febre.

Queria também testar alguns limites. Chegar ao topo, ou ir a fundo. Andar em brasas, pisar em ovos, fazer loucuras e ter algo para esconder dos meus filhos e confessar aos meus netos. "Eu quero mais uma dose desse veneno", seja ele qual for.

Don't cover up the road to love
With words that can't express
The truth implies you're high and dry
And you're a long way from happiness

É isso, eu acho.

25 de setembro de 2009

Apego

Já comentei algumas vezes sobre religião aqui neste blog. Pra quem ainda não sabe, sou presbiteriana desde a barriga da minha mãe, que por sua vez é presbiteriana desde que se entende por gente. Cresci assim, e não há quem me tire da cabeça que mesmo que eu mude para outra denominação ou mesmo outra corrente filosófica alguns traços ficarão pra sempre em mim. Se tem um versículo que faz muito sentido, não só nesta área mas em todos os aspectos da vida de um indivíduo, é este: "Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele" (Pv. 22:6)

Tenho uma tia que quando está no metrô, indo ou voltando do trabalho, lê a bíblia e ora. Cada um tem sua forma de aplicar o "tempo de trânsito", ainda mais numa cidade como São Paulo. Eu ouço música, leio um livro, bato fotos da janela do ônibus, durmo. Não tenho muita paciência pra ficar parada, mas se não há outro jeito é preciso arrumar algo com que ocupar a cabeça.

Confesso que ultimamente ando em falta com Deus. Oro pouco e muitas vezes deixo de confiar na vontade dEle pra fazer a minha. Sofro as consequências disso, obviamente.

Ontem era mais uma quinta feira de garoa em São Paulo. Pra minha sorte o ônibus nem estava tão lotado como outras vezes já tive o desprazer de presenciar, o que me permitiu encostar num cantinho e ficar quietinha ouvindo rock e pensando na vida. Pensei nos problemas, nos planos futuros, em outras coisas. Foi quando senti um aperto muito grande, uma angústia e tristeza que não tinham a ver com o fato de estarmos parados há mais de oito minutos no mesmo lugar. uma imagem se formou na minha mente e eu sabia bem o que tinha que fazer.

Orei. Em público. Nunca tinha feito isso antes, sempre tive vergonha. Não falei alto, não levantei as mãos, simplesmente orei em silêncio e deixei uma lágrima teimosa me molhar os cílios. Passei alguns bons minutos deste modo, pedindo soluções para problemas que pareciam irremediáveis e outros que - como pude ter a confirmação ontem mesmo, mais à noite - podiam ser resolvidos.

Apesar do bloqueio que tinha (e ainda tenho) em fazer isso, senti um grande alívio depois. A tristeza passou, eu confiei que tudo ia acabar bem, e de fato recebi uma resposta positiva.

Não quero bancar a santa, nem me enaltecer. Só agradecer da maneira que eu melhor sei fazer as coisas: escrevendo.

Não tenho um propósito específico pra postar isso aqui, simplesmente porque ninguém lê este blog. Mas se você chegou até aqui, seja bem-vindo, volte mais vezes e reflita sobre essa história.

19 de setembro de 2009

Um soneto

Quero tocar as estrelas
Com a ponta dos meus pés cansados
Fazer tudo à minha maneira
Apenas para ficar ao teu lado

Quero festa, alegria e bebedeira
Quero a vida que sempre sonhei:
Em que eu fora a bela princesa
E tu, o príncipe, o rei

Troco meu carinho por alguns abraços
Minha dedicação por algum espaço
No fundo do teu coração

Sou uma prostituta que não cobra dinheiro
Dou-te o que pedires, dôo-me por inteiro
Tudo que quero é mais uma canção.

13 de setembro de 2009

Futuro?

Texo ruim originalmente escrito em 09/09/09, às 20h09 (sério!)

"Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?"
(Verbo Ser - Carlos Drummond de Andrade)

Eu? Sempre me perguntei quem ou o que seria quando crescesse. Via as amigas da minha mãe e imaginava: "Com qual delas eu vou me parecer?" Hoje acho que descobri.

Eu serei a amiga que passa anos sem aparecer, e de repente volta cheia de novidades e histórias pra contar. Solteira eterna, vou adotar todos os filhos das minhas amigas como sobrinhos, e ensiná-los a beber, e deixá-los fazer o que quiserem pra acobertar tudo.

Serei aquela que vai ligar no meio da noite, dizendo: "Estou pelo seu bairro, tem um tempinho pra mim?" Aí vou sentar no sua sala, com uma taça de vinho na mão, e contar aos prantos e expressões exageradas e rebuscadas a respeito da mais nova desilusão amorosa -- E sempre haverá uma!

Serei aquela que rodou o mundo e nunca achou seu lugar. A amiga pra todas as horas, todos os lugares, todos os segredos.

Serei a pessoa mais feliz e mais triste do mundo. Cada cicatriz que carrego e as muitas que ainda virão não serão escondidas, farei questão de exibir todas. Desfilarei a vergonha num carro alegórico de amores e desespero, sempre na certeza de que alguém se interessará pela minha história.

Serei tudo o que mais temo, porém tudo o que hoje faço. Serei a amante desprezada, a sonhadora eterna, a aventureira promíscua.

Serei eu sozinha pra sempre?



PS: só pra constar... post nº 50! Oba!

10 de setembro de 2009

Da semana que insiste em terminar

Semana atípica, de extrema felicidade e momentos únicos. Novos e velhos amigos, reencontros inesperados e uma alegria e saudade sem tamanho que invadiram minha alma. A lista de acontecimentos da semana:

- Dona Maria fez 80 anos no domingo. Festa em casa, família reunida, lágrimas e mais lágrimas. Tente fazer seu primo de 2 anos falar "Vovó, parabéns" para uma câmera, e você verá o que é dificuldade, hahah.

- Meus "sete de setembro" nunca significaram independência. Nunca vi uma fanfarra mas também nunca faltou uma festa ou viagem pra aproveitar o feriado. Felizmente o 07/09/09 foi maravilhoso, fantástico, perfeito, sensacional. Show da Bresser no Tatuapé, banda e fãs reunidos em volta de uma mesa, planos pro futuro e lembranças de um passado recente. (Chegar em casa à meia noite e bronca posterior são itens de série)

- Terça-feira com cara de segunda, semi-dilúvio em São Paulo, descobrir que faço parte de uma das famiglias mais lindas do mundo, a Brezzi. Sair 15 minutos mais cedo do serviço. Pegar zero trânsito na Marginal Tietê e na Dutra, e descobrir o que fazer pra que isso aconteça sempre: alagar a Anhanguera!

- Quarta dos colegas e da profissão... Na ex faculdade, encontro dois alunos do 3º ano que reconheceram minha voz, da época em que eu fazia um jornal acadêmico e ia de sala em sala distribuir pautas e recrutar repórteres. Fiquei feliz por ter realizado um grande sonho (por mais que hoje o pobre periódico esteja em coma eterno). Uma amiga - jornalista e agora designer - virou bixete de novo e passei por lá pra dar um "oi" e saber como estão as coisas. Além disso encontrei um outro amigo (jornalista quase formado) que dividiu comigo algumas horas de novidades e segredou planos para os próximos anos. Vida bandida e deliciosa.

- Quinta das loucuras musicais, de sair cantando alto Travis e U2, pela primeira vez sem me importar realmente com isso. Além de cantar e batucar no meio da rua, por que não quase dançar ao som de Gotan Project? Passeio rápido pela Paulista depois do expediente, em ótima companhia. Quinta da saudade e da esperança que o dia acabasse logo pra vir a sexta que coroa a semana perfeita.

- Sexta... Ah, ainda é um mistério, mas posso afirmar que à noite teremos "reunião de família" na Lapa, com pelo menos duas horas de boa música e quem sabe mais alguma surpresa.

Pra que eu quereria mais da vida, se são essas pequenas coisas que me deixam feliz?

4 de setembro de 2009

Cena

Uma ruiva no ônibus, de pé na sanfona com um livro nas mãos. O calor é insuportável e a cabeça dói, então ela decide fechar o livro e ouvir um pouco de música. Lá pelas tantas o ônibus dá um solavanco, ela levanta os olhos pra janela mais próxima e vê entre dois vidros embaçados e molhados a bandeira do Brasil, encharcada e iluminada por três holofotes. Na outra fresta da outra janela, a Prefeitura e o viaduto do Chá. Uma guitarra chora alguns acordes em seus ouvidos, e ela pensa por um momento nos acontecimentos de meia semana. E pensa que apesar do calor e da fome e do cansaço e da dor e da solidão e da carência ela precisa guardar o nome daquela música, pra mostrar pra um certo alguém...

29 de agosto de 2009

Um texto diferente

O texto de hoje não é meu. Quer dizer... é, mas não é. Com minha mania de escrever demais às vezes saem palavras que não podem ser de Sarah Kelly. Para isso eu tenho múltiplas personalidades, pra assinar com diferentes nomes sem nunca deixar de colocar em palavras aquilo que se forma nos pensamentos. Apresento hoje Lúcio Paulo, paulistano de 27 anos que gosta de andar por aí e ficar quietinho nos cantos, apenas olhando a cidade seguir seu caminho...
______________

Lapa. Seis e meia da tarde de uma sexta-feira qualquer... "Que lugarzinho esse pra onde você me mandou, hein?"

Ela passou por mim falando ao celular. Desceu do ônibus um pouco desorientada, eu a vi dormindo pela janela. Deve ter sido um dia difícil. Parou em frente à banca de jornal e ficou esperando. Esperando. Esperando. Retocou a maquiagem, mexeu no cabelo, olhou em volta. Abriu a bolsa, tirou um jornal e leu duas páginas. Tenho quase certeza que não compreendeu uma palavra do que leu. Seu pensamento não estava ali, e isso estava estampado em seus olhos.

Cansada de tentar se enganar guardou o jornal e começou a passar os olhos pelas revistas penduradas, curiosa. Não tinha cara de quem fosse da região, nem mesmo tinha cara de quem se encaixasse naquele lugar.

Colocou os fones nos ouvidos, ligou o mp3. E riu. Uma risada gostosa, cheia de dentes. Para alguns o que basta é um pouco de memórias de bons momentos.

Olhava o relógio a cada minuto. Estava impaciente. Eu até quis conversar com ela, dar-lhe algo pra fazer enquanto esperava. Mas foi ideia, só; que se foi tão rápido quanto veio.

Entre ficar ao lado da banca de jornais (e no meio do caminho) ou encher seus cabelos de gordura ao lado da barraca de pastel preferiu a segunda opção. Sentou em um banquinho de plástico já bastante surrado e tirou um caderninho da bolsa.

Jornalista ou escritora. Nada mais justificaria todo o tempo em que ela ficou escrevendo. Vez ou outra parava, olhava para os lados e voltava a escrever. Perdi uns bons cinco minutos observando o seu jeito de rodar a caneta entre os dedos, morder a ponta da tampa, e depois rodar de novo enquanto pensava na próxima frase.

Levantou num pulo. Guardou tudo com pressa. Andou até um rapaz de guitarra nas costas. Um beijo no rosto, um abraço demorado. O som estava alto, ele ouviu o que ela estava ouvindo e fez um comentário qualquer sobre a banda. Ela riu. Ele riu. Ela riu de novo, aquele mesmo sorriso que abriu quando ligou o mp3. Desligou o aparelhinho, guardou, e foram embora.

Lúcio Paulo (28-08-09)

16 de agosto de 2009



Fechou e abriu os olhos lentamente. Respirou o ar gelado da noite sem lua, e deixou que entrasse em seus pulmões junto com a fumaça do cigarro que derrubava cinzas sobre suas botas. "De novo", pensou.

Esteve parada ali por uns três ou quatro minutos, esperando não sabia exatamente o quê. A água barrenta do Mondego corria silenciosamente em direção à foz, alguns carros vez ou outra passavam na rua, deixando um rastro de luzes e barulho. E ela continuava ali, parada, como se algo houvesse levado embora sua capacidade de se mover.

A parede de vidro que a separava do rio era espessa... Quebrá-la não parecia tão simples. E também não era necessário, quando se podia somente andar até o final do píer, e ver a proteção transparente se transformar em pedras acinzentadas, à altura do chão.

Na outra margem havia um grande festival. Àquela hora The Cynicals agitavam uma dúzia de estudantes bêbados no palco principal, enquanto os DJs das tendas faziam valer a pena os oito euros cobrados à entrada. Ela estava pra fora, preocupada com o que pudesse estar acontecendo lá dentro. Havia voltado pra casa pra pegar algum dinheiro e chamar um ombro amigo. Nunca nos últimos 6 meses havia sentido tanta falta de um telemóvel.

"Tásse em casa?"
"Tou saindo pro festival"
"Ótimo, me espera aí, preciso falar contigo"

Antes de sair, mais uma chamada:
"Ele tá aí?"
"Está sim, queres falar com ele?"
"Não, só me diz se ele tá bravo"
"Não me parece. Aconteceu alguma coisa?"
"Sim. Desculpa te incomodar com isso"
"Não tens que pedir desculpas"
"Tou indo praí em meia hora, cuida dele pra mim?"
"Claro"

Saiu de novo, batendo a porta e vestindo um casaco. Não estava calor, mas uma gota de suor escorria de sua testa. Andava rápido o suficiente pra fugir de qualquer perigo nocturno, mas não conseguia fugir de si mesma. Num pequeno ataque paranoide mudou de calçada várias vezes, enquanto se esforçava pra andar mais rápido do que suas curtas pernas conseguiam. Subiu as escadas de dois em dois degraus, o fraco coração dava sinais de que aquele seria seu último esforço.

Normalmente levava dez minutos e meio. Chegou em quatro. Bateu à porta tantas vezes quanto conseguiu, gritou até a voz falhar, mas ela não respondeu. Chamou mentalmente, quis ser telepata, sociopata, suicida. Quis voltar pra casa. Não a casa quase à beira do rio que alugara por alguns meses. Quis voltar pra sua casa de verdade. O seu país, com toda a poluição, o trânsito e a agitação da grande cidade que tanto amava.

Encontrou a amiga pela rua e seguiram para o festival. Pelo caminho algumas lágrimas e um abraço. Estava mais calma. Atravessaram o rio pela ponte multicoloridamente iluminada e ela tentou deixar na outra margem toda a preocupação. Asher Lane estava subindo no palco. Era dia de festa.

14 de agosto de 2009

Home Office


Home office é um jeito educado de dizer que você faz trabalhos pra alguém, mas não te querem trabalhando no escritório. Algumas pessoas podem achar bacana não ter que gastar com transporte e alimentação, já que não precisam sair de casa e podem almoçar com a família mesmo... Parece bom, não?

Mas algumas coisas simplesmente não se pode fazer em casa. Algumas pessoas simplesmente não servem pra isso. E algumas famílias simplesmente não entendem como você pode transformar o seu quarto em escritório.

"Sah, lava a louça do almoço?"
"Filha, me ajuda aqui na cozinha?"
"Vai, pára um pouquinho, vem tomar um café"
"Mas trabalhar pra quem, se você fica o dia inteiro na frente daquele computador?"

Fogo, viu...

8 de agosto de 2009

Noite passada

O dia tinha começado errado pra ela. O amigo não atendia o telefone, e ela não sairia de casa sem antes combinar o que fariam. Era longe demais pra chegar até lá e dar com a cara na porta. Enquanto tentava inutilmente localizá-lo pelo celular, abriu o msn para ler seus emails e ver se o amigo estava online.

O amigo não estava lá, mas o caramujinho sim. Quis falar com ele, saber como estava, conversar sobre a vida, o universo e tudo mais. Conversaram. "E decidiram se encontrar..." O caramujinho tinha uma banda, e sexta-feira era dia de ensaio. O ensaio era longe, mais longe que a casa do amigo que deu um bolo nela, mas ao menos estava confirmado: 21h.

Ela fez de tudo pra chegar às 20h. Iam tomar uma cerveja, trocar considerações sobre o dia, planejar o futuro, discutir o passado. "Nada melhor do que não fazer nada..." Só que era sexta-feira, e ela sabia que o trânsito estaria carregado, mas naquele dia estava impossível, graças ao sr. prefeito (que decidiu encher ainda mais as ruas de carros, ao invés de apenas regulamentar pontos de parada para os ônibus fretados).

Já no meio do caminho avisou que se atrasaria um pouquinho... Acabou se atrasando um poucão. Chegou à estação e encontrou não um, mas dois moços com instrumento nas costas e cara de cansados (estavam esperando lá há uma hora, não podiam ter outra cara!) Seguiram para o estúdio. Lá encontraram o resto da banda e começaram o ensaio.

Músicas conhecidas, outras nem tanto, e conversas sobre tudo o que se pode imaginar nos intervalos. Loucuras à parte, mais três fãs que sempre acompanham os ensaios, um baterista fazendo moonwalking (devidamente documentado), um baixista palmeirense indignado com o campeonato, um tecladista/vocalista se exibindo pras câmeras e um guitarrista/vocalista/caramujo que até deixou que ela escolhesse uma música. Quase um show particular.

Uma noite divertida. Poderia ter sido mais. O metrô poderia ficar aberto a noite toda, e os ônibus poderiam rodar enquanto ainda houvesse gente na rua. A linha do trem poderia não ter dividido o grupo logo na entrada da estação. O caramujinho poderia ter seguido o mesmo caminho que ela, pra continuarem colocando o papo em dia e descobrindo novos assuntos... Mas agora já foi. Quem sabe na próxima sexta-feira...

(PS: Que banda é essa? Bresser!)

4 de agosto de 2009

Bagunça

Sim, porque afinal de contas eu nunca consegui manter a organização por muito tempo. A maior vergonha do mundo, quando eu era mais nova, era ouvir minha mãe falando que meu irmão (que era moleque) conseguia ser mais organizado que eu... Mães podem ser muito, muito cruéis, quando querem. Com o tempo aprendi que se eu me disciplinar posso arrumar a bagunça antes que fique bagunçada demais. (E aprendi que meu irmão arruma tudo, mas do jeito dele, porque já me perdi dentro da organização dele também)

Mais do que a bagunça externa tenho também alguma dificuldade com fantasmas e demônios internos (mas quem não tem?) Eles ficam lá, embaixo do tapete e atrás do armário, só esperando o momento certo de sair pra bagunçar toda a sua linha de raciocínio e suas emoções. Por quê? Porque deveriam ser exorcizados da maneira correta e não foram! Ficam lá, ficam fazendo bagunça.

A confusão é maior quando algo os desperta. Uma carta (ou na era da Internet um email), uma música especial, fotos, lembranças de tempos idos. Tudo e nada podem fazer com que eles saiam, e não há, absolutamente, uma fórmula mágica pra escondê-los de novo. Eles vão e vêm quando acham que têm que se mover.

Ultimamente tenho prestigiado os escritos de um novo amigo, o Fábio. Ele escreve coisas como essa, que me tiram do estado letárgico e me fazem pensar demais. Eu ultimamente o odeio e o amo por fazer isso comigo... Não é justo ele me dar as coisas pra ler e não estar aqui pra eu poder reclamar dos efeitos delas em mim...

Minhas costas doem muito, mas acordei bem. E se uso tanto as pessoas é porque elas mesmas me ensinaram a ser assim. É só questão de cuspir de volta a saliva amarga dos últimos beijos. Jogo o jogo. Encanto-me com as pessoas e delas enjôo com a mesma facilidade; sou muito apegado aos meus desapegos, ao presente, este mesmo, que existe não existindo. O passado é ignorado e o futuro está um tanto além daquele muro.
(In: "Inadequado")

Portanto sigo com minha bagunça, certa de que qualquer dia ao fechar um livro minha cabeça explodirá, tamanho o alvoroço dos bichos lá dentro.

28 de julho de 2009

O fim

Ela nunca se sentiu muito bem quanto a esse assunto. Nunca perdeu ninguém na família, e chegava mesmo a chorar escondido, quando criança, só de pensar na possibilidade de algo assim ocorrer. Sabemos hoje que ela sempre foi uma criança muito possessiva, mas o que é o sentimento de posse senão um exagero de querer algo/alguém por perto, para sempre?

Hoje ela já tem 22 aninhos. Uma mocinha. O ciúme e a possessão de outrora foram sufocados pela maturidade exigida de uma jovem mulher brasileira que batalha diariamente por um emprego e um lugarzinho melhor ao sol.

Ah, claro. Ela está gripada.

Não se sabe se foi a febre alta, ou a carência que a consome quando ela fica doente. Talvez tenha sido tudo junto, e mais o fato de querer bem a alguém. Alguém que de repente, sem mais nem menos, perguntou se ela ainda o amaria se ele desistisse da vida.

"Eu ia te odiar pela besteira que vc faria... Tá maluco, que ideia é essa?"

Ao dizer isso e não obter resposta ficou apreensiva. Ele não faria isso, assim, do nada. Não, decidiu esperar mais um pouco. A febre estava aumentando, e ela tentou fechar os olhos e concentrar-se para mandar seu corpo parar com frescura e combater logo aquele vírus. Os anticorpos não responderam, mas uma imagem se formou em sua mente. Algo que ela preferia não ter se lembrado.

**Flashback** Foi em um verão no começo do milênio. Ela tinha o costume de passar as férias na praia, sempre com as mesmas pessoas. Grandes laços formados em meio à areia, o sal e os ventos que sopravam do mar. Às vezes apareciam alguns convidados. Primos, avós, amigos do colégio. Vinham passar uma semana, e iam embora para sempre ou para talvez voltar na próxima temporada. Até que um desses primos apareceu.

Jojo era o apelido dele, e tinha pouco mais de 20 anos. Gostava de ouvir metal, andava todo vestido de preto e era bastante reservado. Mas era verão, oras, e a turma queria aproveitar. Arrastaram o primo até onde era possível, mas ele não se enturmou muito bem. Passava as noites ouvindo rock deitado na rede, sempre com o olhar perdido.

Ao fim de uma semana ele voltou pra casa, mas metade da família ficou no litoral. Dois dias depois veio a notícia: Jojo se suicidara.

A turma tinha certeza que não havia sido exatamente culpa deles, mas se sentiam desorientados. Será que haviam deixado de fazer algo? Talvez alguma de suas ações poderia ter mudado as coisas na cabeça dele? Ninguém sabia. Sempre circulam pela internet aqueles emails com depoimentos de pessoas prestes a dar tal passo, em que algum acontecimento, por menor que seja, evita o fim. E se tivessem feito algo pelo rapaz, quando foi possível?

Já era tarde. Ele simplesmente havia passado por aquelas vidas, e deixado a dele logo em seguida. Precisavam superar o choque e seguir em frente. Foi o que fizeram, mas a lembrança de um certo cara que apareceu em um verão qualquer às vezes insiste em vir à tona. **Flashback**

Ela abriu os olhos assustada, e percebeu que não havia resposta. Tentou chamar de novo, e nada. Teve medo. Medo de que talvez outro houvesse passado rapidamente por sua vida, e que ela não tivesse feito nada. Pegou o celular e discou uma vez. Ninguém atendia. Discou novamente, e decidiu não desistir até que conseguisse falar com ele. Estava quase tentando a terceira vez quando ele atendeu.

"Alô?"
"Oi quem é?"
"Sou eu."
"Ah, que bom falar contigo, você tá bem? Não me assusta mais desse jeito!"
"Desculpa, não quis te assustar. Eu só saí do computador, tava com febre, e deitei um pouco..."
"Tá, desculpa eu, ficar preocupada assim e te ligar. É que eu precisava saber se você tava bem."

Ele estava. Ela então se despediu e desligou. Sabia que sua intervenção não havia salvo a vida dele, não era um daqueles casos. Mas sabia também que se não fizesse isso passaria algumas terríveis horas se perguntando o que teria acontecido a ele, e se ela deveria ter feito algo, porque ele também está gripado e offline. Mas ela sabe que ele está bem. E ele sabe que ela não vai ficar nada bem, se algo acontecer a ele. (E se não sabia, soube agora!)

Boa semana, pessoal.

26 de julho de 2009

Conversas aos pedaços

Seguem fragmentos de conversas que aconteceram no último fim de semana. Não direi se são minhas ou não. Não importa de quem partiram ou para quem foram estas palavras. Importa apenas tentar imaginar toda a cena. Enjoy it!

"Será que não é aquela rua ali?"
"Não, aquela é a Padre João ____."
"Mas você tá enxergando o nome na placa?"
"Claro que sim, você não?"
"Eu sou míope. Ainda mais à noite, não vejo nada!"
"É, já que os pulmões não funcionam bem, os olhos sim. Alguma coisa tem que funcionar."
"Tá, mas e no meu caso? Nem os olhos nem os pulmões funcionam bem."
"Você é inteligente..."
"Justo."
__*_*__

Um senhor na rodoviária: "Vai viajar pra onde, menina?"
Eu: "Lugar nenhum, tou esperando um amigo"
Ele: "Ahh tá."
Dois minutos depois, ele: "Bem, então até mais, menina, boa viagem!"
__*_*__

"E seu filho, tá com quantos anos?"
"Dois."
"Deve estar lindo."
"Sim. E esperto, fala um monte de coisas."
"Deve ser bom ter um filho, né?"
"Quando eu vou buscá-lo na escolinha, só de vê-lo correr gritando Papai já me faz esquecer o resto do mundo."
__*_*__

"Quero te ver mais."
"Eu também."
"Tá, como resolvemos isso então?"
"Namora comigo."
"Não."
"Não?"
"Não, daqui a um mês você vai me dar um pé na bunda, não quero."

22 de julho de 2009

Romantismo platônico

Título estranho? Também achei. Na verdade ando achando muita coisa ultimamente. Coisas que não deveriam nem ao menos passar por esta pobre cabeça vazia. É a vida. Leiam, reclamem, comentem.
PS: Se quiser roubar um trecho (ou tudo) pra impressionar o seu grande amor (ou o carinha que você conheceu semana passada), à vontade. Só deixe aquele comentário esperto pra eu não ter que processar ninguém por plágio, ok?
_______

Para aquele que não tem nome

Te espero há tanto tempo que já nem sei mais o que esperar. Você já trocou de nome e de rosto tantas vezes que hoje só consigo te chamar de "meu amor" e sonhar com um alguém genérico. Cada encontro em cada esquina me faz lembrar de todos os outros que já vieram e já foram. Cansei de te procurar, para te perder de novo e de novo.

Cada vez em que pensei que minha busca estava chegando ao fim veio mais um, e cada vez que me juravam amor eterno eu acreditava que seria de verdade daquela vez. Nunca foi, e tenho certeza que ainda vai levar algum tempo até que seja.

"Você é muito nova pra se envolver", alguns me dizem. "Você sufoca", outros constatam. "Você não sabe conduzir as coisas com calma", brigam os primeiros. Talvez. Talvez eu cometa todos esses e muitos outros erros. Talvez eu tenha também muitas virtudes, o que não cabe citar aqui. Este é um texto reflexivo, não uma tentativa de melhorar minha imagem. O fato é que não quero mais desculpas, nem sonhos abortados, nem lembranças perenes, ou casos intensos que duram o tempo exato da vida de uma borboleta. Quero você, e só.

Sei que você anda pelos mesmos caminhos que eu, pode até mesmo estar naquela mesma esquina em que parei ontem pra te esperar. Pode estar me procurando, ou pode nem se dar conta disso. Sei que você vai me fazer feliz, pois finalmente terei alguém pra mandar cartas estúpidas como esta...

Só não sei ainda quem é você.
_______

13 de julho de 2009

Inocência infantil

Image by: Gridlock'd


"Vai buscar pão pra gente tomar um café?"

Calcei um par de tênis e coloquei o aparelho de mp3 no bolso. A portaria do condomínio fica a 500m da padaria, minha casa fica a 500m da portaria, pra quê pegar o carro? Fui andando e ouvindo alguma música de Peter Doherty.

"Are you still thinkin of
All of those perfect rhymes for love divine?
Oh no, you really don't have to"

O volume estava baixo. Baixo o suficiente pra que eu pudesse ouvir passarinhos ao longe, ou a água que escorre da nascente para o lago. Quase no final da rua vi dois meninos, com seus sete ou oito anos. Um deles levava uma caixinha de plástico transparente nas mãos, e buscavam algum inseto pra "guardar". Conversavam quando passei por eles.

"E se a gente pegasse um casulo?" - perguntou o menorzinho.
"Não, porque de dentro do casulo sai uma borboleta!" - reprimiu o mais alto.
"Tudo bem, quando a borboleta nascer a gente solta ela!" - sentenciou o pequeno.

Eu ri por dentro, e eles foram no sentido contrário ao meu. Peter Doherty e sua poesia não mais habitavam meus pensamentos, porque agora eu refletia sobre as palavras daquela criança. Senti saudades do tempo em que eu também pensava assim, uma época em que não representava nenhum problema simplesmente deixar que as coisas se fossem...

... É...

Just tell me


Image by:Pechie Romelle

Tell me anything you want. Anything you know that will make me happy. Even if this light doesn't shine for a long time.

Tell me lies, if it's necessary. Tell me you need me, tell me I'm the only one. I don't mind if it's not the true. Not tonight.

Now, please, just tell me anything.

6 de julho de 2009

Não sei de onde vem, mas tenho algumas teorias e motivos pra explicar a minha predileção e dedicação a bandas de amigos. Viro fã de carteirinha sem pestanejar, frequento shows nos buracos mais inimagináveis, ajudo a gravar e vender CDs... Já fui chamada de groupie, já efetivamente assumi esse papel e hoje sou apenas produtora/secretária/RP quando posso. Mas por quê?

A primeira e inegável justificativa é apoiá-los, no que quer que façam, porque gosto deles. Cada pessoa tem um talento diferente, e quando meus amigos percebem dons e aptidões pra música e decidem montar uma banda, por que não dar suporte e incentivar?

O segundo motivo é que eu sou interesseira mesmo, e sempre consigo algumas coisinhas demonstrando que sou uma grande fã. Fico sabendo dos shows bem antes de todo mundo, ouço versões inéditas, gravações bizarras feitas nos ensaios, dou palpite em algumas coisas quando deixam.

A terceira razão é porque eu gosto de ajudar, gosto da bagunça toda. Convidar as pessoas, ajudar na montagem, esperar a hora do show, me divirto muito com isso tudo.

Sendo assim, sempre que posso eu aproveito algumas oportunidades pra mostrar o som dos meus amigos pra outras pessoas que possam se interessar. A propaganda é a alma do negócio, certo? Este é o Sex Shop Night Club, dei um jeito de encaixá-los num programa de rádio na faculdade.


Tem também a banda C!priana, que é internacionalmente conhecida junto com o Sex Shop. (Levei CDs de ambas quando fui fazer intercâmbio na Europa, hehe)

Há os Isabelle Chase Otelo Saraiva de Carvalho, banda portuguesa que eu descobri sem querer, e mesmo com toda a distância sempre que posso dou uma força pro vocal, o Dj Couve. Já fiz uma homenagem a ele aqui.

E a última descoberta do ano é a Bresser, banda paulistana que faz um sonzinho bem bom :) Enjoy it!

"Preciso aprender aquilo que eu já sei e desobedecer a minha própria lei" - Escotilhas, by @bresser



3 de julho de 2009

Confusão familiar


Graças a Deus desta vez a confusão não é aqui na minha família. Nem na família de ninguém que eu conheça. Encontrei este texto no blog de uma ex-professora, e decidi passar adiante. Originalmente foi publicado na revista O Cruzeiro, ou seja, é já um senhor de idade. Respeitemo-lo, então! Bom fim de semana a todos.

Foi encontrada no bolso de um suicída, em Maceió, a seguinte carta:
"Ilmo. Sr. Delegado de Polícia:
Não culpe ninguém pela minha morte. Deixei esta vida porque, um dia mais que eu vivesse, acabaria morrendo louco. Explico-lhe, Sr. Delegado: tive a desdita de casar-me com uma viúva, a qual tinha uma filha. Se eu soubesse disso, jamais teria me casado.
Meu pai, para maior desgraça, era viúvo, e quis a fatalidade que ele se enamorasse e casasse com a filha de minha mulher. Resultou daí que minha mulher tornou-se sogra de meu pai. Minha enteada ficou sendo minha mãe, e meu pai era, ao mesmo tempo, meu genro. Após algum tempo, minha filha trouxe ao mundo um menino, que veio a ser meu irmão, porém neto de minha mulher, de maneira que fiquei sendo avô de meu irmão. Com o decorrer do tempo, minha mulher também deu à luz um menino que, como irmão de minha mãe, era cunhado de meu pai e tio de seu filho, passando minha mulher a ser nora de sua própria filha.
Eu, Sr. Delegado, fiquei sendo pai de minha mãe, tornando-me irmão de meu pai e de meus filhos, e minha mulher ficou sendo minha avó, já que é mãe de minha mãe. Assim, acabei sendo avô de mim mesmo.
Portanto, Sr. Delegado, antes que a coisa se complicasse mais, resolvi desertar deste mundo.
Perdão, Sr. Delegado."

14 de junho de 2009

Dotes

As pernas da boneca Mariola...

Eu sou nerd. Sempre fui. Mas não a nerd do tipo master inteligente; eu até era inteligente. Mas acima de tudo eu era tímida. Muito tímida.

Passei muito tempo da minha adolescência em casa, assistindo aos clipes da MTV, lendo e relendo os livros que eu mais gostava, ouvindo a 89 FM (quando ainda tocava rock) e tentando reproduzir no violão aquilo que eu achava que era boa música (a.k.a. músicas fáceis, no estilo Legião Urbana, que eu pudesse tocar).

Mas o meu maior segredo, aquilo que eu mais tinha vergonha que qualquer um dos meus amigos soubesse, era que eu tinha conhecimento e prática no que eu chamo de "atividades de mulherzinha": tricô, ponto cruz, tapeçaria, crochê e patchwork. Ah, eu também sei pregar botão, mas depois de tudo isso acho que não conta muito, né?

Por passar muito tempo em casa, e por ter minhas duas avós vivas e lúcidas, eu sempre procurava algo novo para aprender com elas. Nessa época eu bordei metade das toalhas de rosto de casa, fiz bonecas, chaveiros, colchas pra minha cama, cachecóis, tapetes e quadros. Se quisesse me ver feliz, bastava dar-me linhas e uma agulha.

Depois de tanto tempo sem encostar em um novelo de lã eu voltei a tentar me aventurar no crochê. Estou terminando o bonequinho essa semana. Pretendo continuar, antes que meus dedos atrofiem de tanto ficar digitando nesse computador, hehe.

Abraços, queridos.

31 de maio de 2009

Amigos

Há algum tempo eu precisava disso: sair com os amigos sem me preocupar em voltar cedo. Os últimos 13 meses foram tenebrosos, complicados, corridos, tudo por causa do lendário trabalho de graduação. Quantas noites em claro e quantos milhares de reais em ligações telefônicas e deslocamentos desnecessários até São Paulo ou Jundiaí!

Por isso, neste fim de semana eu chutei o balde. Sexta feira foi dia de reunir as twitteiras mais lindas de São Paulo pra fazermos uma tarde offline, com direito a compras na 25 de março e um belo almoço perto da faculdade. Risadas, altas verdades e constatações a respeito da Vida, o Universo e tudo mais.

Seguem os tweets, fruto da abstinência da tarde (em ordem crescente).

RT @bhayashi Dia cheio de risadas com @erickamr @sahkelly@rosesoler e @dmariano. Thanks, guys! =D
"O mackenzie é uma Universidade pra pessoas especiais..." #perola by @erickamr
"Cara, isso me faz lembrar muito uma época que eu não vivi!" - @erickamr, ouvindo Strangelove (Depeche Mode)
"Boa, Ericka... Agora, como eu faço pra retwittar isso?" - SK, querendo um celular 3G no meio da Rua Direita, no centro de SP :)
#tarefas de hoje: comprar uma pulseira... #status: #FAIL!
#tarefas de hoje: gastar pouco em material pra desenho... #status: #FAIL!
"Jorge & Mateus... João Bosco & Vinícius..." - #COMO a @erickamr consegue variar tanto as músicas no mp3 dela?
Gente, a @erickamr manda avisar que adora buquês de flores azuis! #ficadica
Sábado eu queria ir à reinauguração do Cine Marabá, mas por incompatibilidade de horários fui pra festa de um amigo e passei lá até a hora em que eu conseguisse pegar um metrô. Conheci cariocas, goianos, caipiras e paulistas. Tomei muito vinho barato. E agora tou de ressaca, escrevendo tudo isso.

Faria tudo de novo. E melhor ainda.
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