21 de junho de 2010

Entrega

Ultimamente está na moda aconselhar as pessoas com uma frase um pouco absurda, que parece a receita mágica que vai resolver tudo: "Se joga, amiga!"

A gente fala isso pra aquele amigo que tem dúvidas se muda ou não de emprego, pra aquela vizinha que morre de amores pelo carinha da faculdade, pra aquela prima que não sabe se casa ou compra uma bicicleta. A resposta padrão para a grande questão da humanidade ("Vou ou não vou?") hoje em dia é simples: Vai lá, bota a cara, segue em frente!



Admiro muito as pessoas que têm coragem de seguir seus instintos, suas intuições ou mesmo os desejos de seu coração. Admiro porque também sou assim. É extasiante lutar por algo em que se acredita, mesmo que aos olhos do resto do mundo pareça loucura.

Foi assim que atravessei meio mundo. Foi assim que fiz uma faculdade cujo diploma não vale mais nada. Foi assim que acreditei que conseguiria fazer tudo dar certo. Foi assim que abandonei aquilo que me matava.

Estas são palavras de alguém que já se machucou muito. De quem sabe que a vida não é um mar de rosas, mas também tem certeza de que não se vive (feliz) só com os espinhos. Sei que já fiz muito #mimimi com as quedas que tomei, e prometi a mim mesma parar com essa hipocrisia. Não consigo mudar, não consigo me entregar menos. Consigo, no entanto, poupar o mundo das lamúrias repetitivas que nadas constroem.

Eis que mais uma vez é a hora da entrega. Não só pra esta garota crescida que está acordada de madrugada escrevendo um texto e ouvindo Beatles. Outros à minha volta também estão neste momento acordados, pensando em suas próprias decisões. E sabem que precisam ser extremistas, senão nada do que foi planejado funcionará.

Que me desculpem os mais covardes, mas a entrega é essencial.

(O rascunho deste texto surgiu há exatos três meses e meio. Não que esse tempo tenha mudado meu pensamento. Continuo "me jogando", e me entregando a tudo o que faço. Tombos todo mundo leva, e os meus não são nada pequenos, mas... de que outro jeito é possível ganhar se a aposta não for alta?)

17 de junho de 2010

Escudo ou espada?

Um fantasma uma vez me ensinou que a arma mais eficaz para vencer uma discussão com alguém era a verdade. Dizer a verdade certeira na hora mais inconveniente seria, segundo ele, o melhor ataque. Pegar a pessoa desprevenida com algum fato que ela não poderia refutar. Ou até poderia, mas não sem perder muito tempo pensando em alguma resposta que de algum modo distorcesse a realidade. Estamos tão acostumados a mentir uns para os outros que a verdade foi convertida em arma. Parabéns, mundo cruel.

Durante algum tempo guardei este "conselho" comigo, mas não fui capaz de usá-lo. Em duas ocasiões, contra duas pessoas diferentes, achei que simplesmente não valia a pena. Não que eu tenha mentido para elas. Disse toda a verdade. Mas Aquela verdade, a Matadora, que me ensinaram a despejar como um caldeirão de óleo quente na cabeça do outro, essa não consegui dizer.

De fato, a verdade dói. Machuca o confronto com nossos defeitos, nossos erros todos. Machuca mais ainda quando isso vem da boca de outra pessoa que - não raro - levamos em alta consideração. Por ter estado do outro lado, ou por simplesmente ter o coração de manteiga, não tive coragem de jogar na cara alheia tudo aquilo que pensei. Tudo aquilo que todo mundo sabe que é verdade.

Errei? Talvez. Prefiro pensar que não. Afinal, existem tantas "verdades" convivendo por aí hoje em dia, né?

16 de junho de 2010

Far far away


Mania que eu tenho de me apegar a pessoas inalcançáveis.

Quanto mais longe, melhor. Pode ser outro estado, outro país, outra religião, outra filosofia, outra classe social. (Não que eu me importe muito com isso, mas qualquer um que já tenha enfrentado alguma destas diferenças sabe que esses fatores influenciam qualquer decisão.)

Quanto mais longe maior a fantasia. Maior a saudade, maiores os desejos de estreitar laços, maior a cumplicidade e a sinceridade. "Tou saindo pra me divertir, mas tou pensando em você". Claro. O pensamento já basta. Do que mais pode se alimentar um sonho?

"Longe" é uma medida demasiado pequena para a subjetividade.

12 de junho de 2010

Ele

Ele é um cara bacana, e lindo. Ele é o meu melhor amigo. Sempre achei que ele fosse um pouco velho demais pra entender o que se passa na minha cabeça. Engraçado como não sei se percebi que no fundo ele era uma criança grande ou se fui eu que amadureci no meio do processo.

Sempre que eu tenho algum problema tento esconder dele, mas ele acaba descobrindo. Ele sabe o que acontece comigo só de me olhar. Ele é uma pessoa de poucas palavras, mas sempre tem o dom de me dizer verdades simples e pertinentes.

O primeiro buquê de flores que eu ganhei na vida, foi ele que me deu. Ele já me fez chorar milhões de vezes, tenho certeza que ainda vai me fazer chorar mais alguns milhares. Mas aprendi muita coisa com a teimosia e a franqueza por vezes excessiva que ele tem.

É o homem que eu amo há muitos anos. É aquele pra quem eu sempre dou presente no dia dos namorados. Nem que seja um abraço. Nem que seja um post no blog.

Parabéns, pai =)

10 de junho de 2010

Ser forte X parecer forte

Era uma vez uma menina que adorava dormir. Frequentemente acordava queixando-se de dores de cabeça, afinal, qual é a coluna que ficaria confortável com dois travesseiros e treze horas de sono quase imóvel?

Essa menina nunca teve problemas realmente sérios em sua vida. Ou talvez nunca antes tenha se dado conta deles. Quais eram suas grandes tribulações? Provas, trabalhos a entregar, colegas que não gostavam dela, outros que gostavam demais... Nada disso era capaz de lhe tirar o sono. Mas obviamente estamos falando do passado.

"Você é forte", "você aguenta", "você consegue". É o que ela ouve desde sempre, quando apresenta um de seus problemas a alguém. Dos pais, do resto da família, de gente que a conheceu a vida inteira e de gente que achava que a conhecia o suficiente. Reclamava dos problemas e sempre recebia ajuda, no entanto sempre vinha acompanhada de tais palavras. Cresceu querendo muito e conseguindo grande parte do que quis. Nunca duvidou dos votos de confiança que depositavam nela. Sempre soube que conseguiria.

Sim, conseguiria, mas a que custo? Fingindo que era corajosa quando na verdade estava tremendo de medo por dentro? Disfarçando a fraqueza em um frenético ataque kamikaze, sempre querendo chegar ao limite para encontrar força enquanto a dificuldade aumentava?


é...

E a princesa que não acreditava em depressão por vezes sente seu corpo gritar. E o sorriso fácil começa a não vir mais. E a fortaleza desaba, assim como os castelos de areia depois de uma chuva de verão. Ela estava ocupada demais aproveitando a água que caía de cima, quando deveria ter olhado para as ondas que se aproximavam demais dos seus pés.

(É engraçado me preocupar porque não consigo dormir, já que são quase três da manhã e não tenho absolutamente nenhum compromisso para amanhã. Posso dormir o dia inteiro se quiser. Posso ficar o dia todo na cama, olhando pro teto, pensando besteira, lambendo feridas que não têm motivo de existir. Por que, então, não consigo simplesmente fechar os olhos e deixar tudo isso pra depois?)

4 de junho de 2010

Paz

É geralmente aquilo que todos desejam a si mesmos e aos outros na semana entre o Natal e o Ano Novo, certo? "Paz na terra aos homens de boa vontade", e outras frases de efeito que vemos estampadas por aí. Mas será que essa paz consegue durar um ano inteiro pra ser desejada apenas a cada fim de ciclo?

Estamos em Junho. Já se passaram seis meses. Cadê a Paz? Morreu.

Morreu nas palavras duras enviadas e recebidas em inúmeros emails e tweets perdidos por aí. Morreu nos lábios de pessoas que diziam querer o meu bem. Morreu nos gestos de egoísmo, nos palavrões, na falta de empatia. Morreu.

Sold my soul for coins of silver
Yeah I did, so it seems
In a world where love gets colder
There's defeat, in my kiss
(30 coins)

Hoje cedo recebi um convite pra um show neste fim de semana, da banda Pax. Paz? Não para aqueles que não gostam de barulho. As músicas são gritadas, a distorção se faz presente e a bateria não dá descanso. Dá pra reconhecer um pouco de Oficina G3 (nos bons tempos), Living Sacrifice e P.O.D. Interlúdios entre as quatro faixas e as imagens que vêm junto com o EP criam um ambiente propício à reflexão. Paz? Só para aqueles que passam por essa reflexão e percebem que existe muito mais para se preocupar do que um punhado de palavras duras, mentiras e desamor.

Try again, try again,
You will not hurt me today!
(Gates of Death)

Conheci o Arthur (guitarra/vocal) e o Thiago (baixo) há exatamente 7 anos e 4 dias. Duas pessoas maravilhosas que a rotina (ou a falta dela) me impede de ver com a frequência que gostaria. Baixei o álbum e ouvi com muita alegria e orgulho. Os meninos cresceram. Eu cresci. O tempo passou de um jeito que (acho) ninguém esperava. E deu saudade daquela época em que nosso maior medo era não passar no vestibular.

We don't care getting beaten or bruised
we've been to the mountain Top
We refuse to deny the message of the cross
or to sell it out
(Landslide)

Talvez domingo seja dia de rever os meninos. Recomendo, pra quem não estiver fazendo nada e quiser fugir da Parada multicolorida assistindo a um bom show de rock cristão. Clube Sattva, às 15h. R$10. (Flyer AQUI)
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