29 de outubro de 2010

Depois de 20 anos na escola

AVISO: Este post não faz questão de respeitar nenhuma ordem cronológica. Se você - como eu - cresceu assistindo "De volta para o Futuro" não terá problemas para entender ;)

Agosto de 2010, minha casa. A mãe de Carol conta que a filha gostaria, mas não havia conseguido iniciar seu mestrado ainda neste ano. Carolina tem um ano a menos que eu e concluiu a faculdade em dezembro último. Eu digo a ela que é melhor mesmo esperar um pouco.

Segundo semestre de 2003, Arujá. Carol e eu éramos da turma dos CDFs do colégio, ela no primeiro e eu no segundo ano do colegial. Colecionávamos boletins em que os noves-e-meio, noves e alguns oitos conviviam com uma enxurrada de notas DEZ. (Assim mesmo, DEZ, escrito por extenso com todas as letras em caixa alta. Tem como não almejar um boletim recheado deles?) A direção achou que estimularia o interesse dos alunos se oferecesse um prêmio (R$ 100) para o melhor aluno de cada sala, e um segundo prêmio (R$ 150) para o melhor entre os melhores do Ensino Médio. Foi a primeira e única vez em que, de fato, consegui converter minha inteligência em dinheiro vivo.

Maio de 2009, Virada Cultural em SP. Procurei por quase duas horas um amigo no meio da multidão reunida na Av. São João para assistir ao show dos... (quem era mesmo?) Já estava quase desistindo quando finalmente consegui reencontrar o brasileiro que conheci alguns anos antes, nas terras d'além-mar. Ele estava de passagem pelo Brasil, para concluir seu mestrado.

Fevereiro de 2007, Coimbra. Estudantes protestam contra a mudança no sistema de ensino superior, que reduz a duração do curso em um ano e possibilita a continuidade da carreira acadêmica com relativa facilidade. O objetivo é aumentar o nível de escolaridade e facilitar o aproveitamento de créditos entre as diversas universidades europeias. Ouvi de muitos portugueses aquela máxima que vem desde antes das caravelas: "O modo de fazer é o mesmo há séculos, por que mudar agora?"

Segundo semestre de 2006, São Paulo. Eu adorava minha vida de estudante. Estagiava numa ONG e tinha grandes planos pra quando terminasse a faculdade. Dois dos meus melhores professores eram bem jovens e emendaram a graduação e a pós, o que me fez pensar em fazer o mesmo. Até que um dia um deles me perguntou se eu gostaria de ser professora...

Ontem à noite, meu quarto. Me flagrei pensando em como eu seria feliz se eu ainda fosse estudante.

Três meses atrás, Arujá. Na falta de perspectivas, lugares ao sol e Q.I.(Quem Indicasse), resolvi procurar empregos fora da minha área. Encontrei uma atividade tranquila, trabalho do lado da minha casa e tenho os alunos mais fofos do mundo. Será que encontrei mesmo o caminho certo?

Dois meses atrás, ainda no meu quarto. Queria ser doutora. Queria queimar os neurônios que ainda restam. Queria pagar pra ver se vale a pena tentar matar essa minha sede de conhecimento que não acaba nunca.

(E se o Serra virar presidente eu dou um jeito de me mandar pra Coimbra de novo, continuar os estudos lá. Será que dá?)

22 de outubro de 2010

Atualizando

Vontade de escrever ao léu. Saudade de deixar os dedos simplesmente deslizarem pelo teclado, como se não houvesse mais nada a fazer ou sentir. A janta tá descongelando em cima da pia, o cachorro latindo feito um devairado e a sexta-feira à noite vai ser mais uma como qualquer outra nos últimos tempos.

(And I need a beer.)

Se você procura um grande texto rebuscado, cheio de alegorias bonitas e piadinhas nerds, perdeu seu tempo. Vaza, amigo, que hoje o papo é introspectivo. Lembra da descrição do blog? Então...

Meu irmão finalmente conseguiu consertar a moto que tava desmontada no quintal há pelo menos três meses. Felicidade instantânea.

Continua a busca por um ingresso do Planeta Terra. Continuo revoltada por não conseguir. É...

Comprei dois livros de quadrinhos pelo Submarino. Cachalote, de Daniel Coutinho e Rafael Galera. Retalhos, de Craig Thompson. O primeiro eu li hoje mesmo, em pouco mais de duas horas. Li não, devorei. Não entendi nada. Ou talvez tenha entendido tudo. Tudo o que eu não queria. É a vida. A dos personagens, a minha, a de qualquer um.

Menina mimada que sou, foi inevitável achar que o mundo (ainda) gira ao meu redor. Péssima escolha tentar comparar a minha história a uma (ou todas) do livro.

Segundo erro: insistir na comparação, mesmo depois de perceber que os enredos (sim, são cinco) não mostram exatamente a parte mais feliz da vida. Terceiro erro: não fazer - como sempre faço - a leitura com o caderninho do lado, pra anotar frases que eu achei interessantes ou destacar trechos. Herança da faculdade, não gosto de riscar livros. Acho que vou ter que ler tudo de novo. ^_^

Quero voltar pra Paris. Quero viajar o mundo. Quero um filho. Quero encontrar uma cachalote na piscina.

Bom fim de semana.

17 de outubro de 2010

Incoerência


Era uma vez uma menina que nasceu em 1987, quase junto com a democracia como a conhecemos hoje. Ela não viveu a opressão da ditadura que havia caído pouco tempo antes. Ela não teve seus direitos cerceados por governantes autoritários, nem foi presa ou torturada por defender ideologias consideradas perigosas. Mas ela estudou sobre isso, conheceu pessoas que passaram por episódios traumatizantes e até completar 23 anos ela ainda tinha esperanças na capacidade de julgamento do povo de sua terra. Essa menina sou eu.

Nasci e cresci em um lar evangélico (para aqueles que gostam de rótulos: cristão, protestante, reformado, presbiteriano). Nunca fui muito com a cara daqueles pastores que aparecem em programas na TV; seja fazendo pregações inflamadas, seja exorcizando demônios em cerimônias com 318 convivas. Comentava com minha mãe às vezes: "[Fulano] tem cara de charlatão". Minhas acusações gratuitas nunca tiveram sua confirmação, e eu seguia tranquilamente mudando de canal.

Até que uma figura ganhou meu respeito, quase dois meses atrás. Eu não tinha nada contra ele, mas uma mensagem de um de seus programas realmente me tocou. Achei que tinha ali alguém confiável. Um pastor que não dizia nomes e nem fazia referências veladas ao candidato X ou Y. Um homem cumprindo seu papel enquanto líder de um grupo social, alertando os seus a respeito das implicações de um ato tão simples e tão complexo quanto o voto.

Passo a citar: (03:50) "Cuidado, pastor, pra você não trocar o seu voto pelo telhado da igreja, pela porta da igreja, pelos bancos da igreja, porque isso é corrupção, como qualquer outra corrupção. Cuidado pra você não trocar o voto do seu rebanho por uma nomeação do seu filho. Isso é tão corrupto como qualquer outra corrupção. Eu quero deixar esse alerta aqui: não vamos vender o povo de Deus por interesses mesquinhos e pessoais." (04:28)

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(esta é a parte 2, se quiser assistir à parte 1 clique aqui ou espere pelos "vídeos relacionados" ao fim deste.)

Assisti ao programa (que NÃO tinha a indicação dos candidatos a deputados estadual e federal), fiquei feliz, fui mesária no primeiro turno e tive algumas decepções logo que saíram os resultados. Não me manifestei porque achei desnecessário, uma vez que todos ao meu redor reclamavam da mesma coisa que eu. Daí essa semana me deparei com o mesmo pastor que disse que não podia citar nomes na TV fazendo uma pequena aparição no horário eleitoral gratuito. Morri por dentro um pouco mais.

Não é pela propaganda ao Serra. Não é porque eu queria que ele apoiasse a Dilma. (Sim, a Dilma. Algum problema? Comentários estão aqui embaixo pra isso). É por decepção e vergonha alheia que posto este texto. É porque estou calada há muito tempo, e triste com a baixaria e os ataques de ambos os lados. Cansei de esperar propostas, o que tenho visto é intolerância e pessoas defendendo suas opiniões com mais afinco do que discutem futebol ou religião.

"Cada povo tem o governante que merece", e é disso que eu mais tenho medo.

1 de outubro de 2010

A carência nossa de cada dia

"Oi, meu nome é Sarah e não me apaixono há um mês"
Essa seria uma ótima frase pra começar o grupo de ajuda. Está aberta mais uma sessão da Associação das Pessoas que se Apaixonam Demasiadamente! (É, APAD. Pode ser...)

Meu último post foi sobre contos de fadas, príncipes encantados, desilusões e coisas assim. Eu não queria - de verdade - bater de novo na mesma tecla, mas parece que o assunto é mais recorrente do que Levy Fidélix e Eymael em horário eleitoral gratuito.

Faz algum tempo que eu tou numa vibe de aprender a ser feliz sozinha. Obviamente muitos fatores contribuíram pra essa condição, mas o principal até então era o famoso "Cansei". Cansei da babaquice alheia, da agenda apertada, da falta de atenção e da atenção excessiva. Cansei de ter que ficar pagando tudo e também de não me deixarem pagar nada. Cansei de ouvir desculpas esfarrapadas, cansei de não ouvir nem mesmo uma desculpa, cansei de ter sempre que inventar desculpas. Cansei da voz estranha, do jeito de andar e do olhar de peixe morto. Cansei da atenção de cachorrinho, das conversas pseudo-filosóficas que não levam a lugar nenhum e do ar de superioridade ao falar, como se cada "vê uma cerveja, garçom" fosse a frase inicial de um discurso.

Depois de me livrar dos encostos pude reorganizar aquilo que ficou: a boa música, os bons amigos, as boas tardes de sábado assistindo TV debaixo das cobertas... antes só do que mal acompanhada.

O problema é: tá, e agora o que eu faço com isso?

PS. Hoje foi um dia meio difícil, e a única coisa que eu queria era ganhar um abraço demorado e ouvir que tudo vai ficar bem. Toda essa independência, hoje, não tá me adiantando muito não. #Comofaz?
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