21 de abril de 2011

O meu pé de Laranja Amarga

Sei que quase ninguém leva a sério este blog - começando pela própria dona. Mas aqui vai uma ótima dica de leitura pra este feriado-mais-do-que-prolongado que se inicia hoje:

"O meu pé de Laranja Lima" foi publicado em 1968 por José Mauro de Vasconcelos. Já virou filme, novela, foi adaptado em várias línguas e até em quadrinhos na Coréia. Mas o que tem de tão interessante um livro de cento e tantas páginas pra fazer esse sucesso todo?

Zezé é um menino pobre que tem 5 anos e uma penca de irmãos. Ele é muito esperto, aprende mil coisas com seu tio e adora aprontar com os vizinhos. Apesar da pouca idade já entende de "problemas de adultos" como falta de dinheiro e de afeto. Ele "ganha" uma laranjeira quando sua família muda de casa, e sua imaginação transforma a pequena planta em seu confidente e companheiro de aventuras. Carente demais, Zezé acaba conquistando a amizade do sr. Manoel "Portuga" Valadares, um senhor solitário que se afeiçoa ao pequeno e à sua história sofrida. Acontece uma coisa muito triste mas eu não vou contar porque isso aqui não é lugar de spoiler.

Li este livro pela primeira vez em 20/06/2001 por obrigação escolar. Chorei muito ao final e fiquei morrendo de vergonha de admitir isso. Como podia uma história simples como essa me arrancar lágrimas, em um ano que trouxe pra minha lista literária livros bem mais tristes (e reais) como Olga e os diários de Anne Frank e Zlata? Enterrei o livro no fundo do armário, junto com os meus próprios diários.

Mudanças de moradia e de mente vieram. O livro, uma edição de bolso de 1968, me acompanhou fechado durante esse tempo. Até o último sábado.

Eu já estava de saída quando olhei pra estante. Dom Quixote sorria pra mim, com suas 500 páginas de moinhos de vento, esperando que eu o colocasse na bolsa e o levasse pra mais uma longa viagem de ônibus. Por que não experimentar um livro mais leve? Peguei o menor livro, 16x10,5 cm. Lá fui eu pra Virada Cultural na companhia de Zezé com suas bolinhas de gude e figurinhas de artistas no bolso. Meu desafio era reler a obra sem derramar uma só lágrima e, de quebra, descobrir o que é que tinha me feito chorar tanto na primeira vez.

Missão quase cumprida, terminei de ler ontem; e foi inevitável. É uma história amarga. Se chorar por causa de um livro aos 13 anos é vexatório, que dirá aos 23?
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