21 de dezembro de 2012

The end?



Eu me orgulho de ter nascido em um ano tão bacana quanto 1987. Não me envergonho dos meus vinte e cinco anos de sonho, e de sangue, e de América do Sul. Não me lembro de todas as coisas que já fiz nessa vida, mas como diria uma amiga, eu tenho memória paquidérmica seletiva. Vai vendo.

Quando eu era criança, não ficava tentando encontrar explicação pra tudo o que eu não sabia/não me deixavam saber. Eu simplesmente via/ouvia/vivia aquilo e pronto, ok, próximo evento. E de vez em quando a gente se pega lembrando de cada coisa besta, meu Deus!

Se eu for contar, já passei por vários fins do mundo. Cada um mais divertido que o outro. E uma das grandes personagens destes acontecimentos é um senhor chamado Michel de Notre-Dame. Ou Nostradamus. Hoje em dia ele anda meio em baixa, a moda agora são os maias, mas eu sempre preferi os europeus ;)

Em 1999 eu estudava na 6ª série de um colégio pequeno. Acho que eu dividia a sala com mais 25 ou 30 crianças, no máximo, sendo que muitos de nós estudávamos juntos desde as fraldas. E era um daqueles dias em que anunciavam e garantiam que o mundo ia se acabar. Não me lembro o dia exato (Google diz que talvez seja 11 de agosto), mas me lembro da cena: os meninos do fundão (sempre o fundão!) começaram em um dado momento uma contagem regressiva. No meio da aula, gritaram "10, 9, 8, 7..." e rapidamente toda a classe entrou na brincadeira. Havíamos discutido isso mais cedo, alguém tinha certeza inclusive do horário exato. E contamos. "6, 5, 4..." E eu não sabia o que fazer, ou o que pensar. "3, 2... 1!!!" E silêncio. Não explodiu nada. As luzes continuaram acesas. O sol não queimou a terra. O mundo não acabou. E a professora continuou a aula, acho que era de Ciências.

Naquele mesmo ano, no réveillon, disseram de novo que o mundo ia se acabar. Mas desta vez seria uma pane geral em todos os computadores. "É que eles não vão entender que 00 significa 2000 e não 1900! Em 1900 não havia computadores" (Ah, jura?) Meu pai ficou de plantão no escritório. Vieram os fogos. A chuvinha fina que sempre coroa o dia 31. Veio o telefonema da meia-noite. O mundo não acabou. E a vida continuou, do mesmo jeitinho, mas agora com pelo menos um zero na frente.

Em 2001 aconteceu aquele episódio norte-americano. Muito se dizia sobre a Terceira Guerra Mundial, os armamentos nucleares e as baratas. Mas sabemos bem o que aconteceu. O mundo não acabou. E a vida continuou, com mais medo de viajar de avião ao lado daquele barbudo de turbante.

Em 2007 um grupo de cientistas disse que se 600 milhões de ocidentais pulassem ao mesmo tempo a Terra sairia da órbita e então estaríamos salvos de uma catástrofe ambiental. Não faço ideia de quantas pessoas pularam, mas o dia não tem hoje mais horas do que há cinco anos e o clima não está mais ameno. O mundo não acabou. E o clima continua mais quente e louco a cada estação.

Dizem que para outras datas havia outras previsões. Mas continuamos aqui. 21/12/2012, exatamente 00:21 agora que escrevo esta linha. O mundo não acabou. E eu vou pintar uma camiseta com os dizeres "21/12/2012 - Eu sobrevivi!"

Fico pensando hoje quantas pessoas não vão tentar pregar peças nos outros, só pelo prazer de ver alguém se assustando por causa de mensagens altamente sugestionadoras que vêm rolando há um bom tempo por aí...
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