Hemingway, medos e desejos

Bem, cá estou mais uma vez... Ainda fugindo de mim mesma, ainda com saudades de Portugal, ainda meio confusa sobre qual rumo deve tomar minha vida... Mas, cá estou...

Andei por aí num curso de formação de jornalistas em situações de conflito... Tem 2 estudantes do Mack, 11 da ECA, mais uns 3 da PUC, e uns outros... Um dos temas da última reunião foi a questão do semi-correspondente de guerra, aquele que vai até o local, pra ficar cobrindo a situação da varanda do hotel... Chamo ao "palco" meu querido Ernest Hemingway, que pode esclarecer melhor a situação.

http://www.igutenberg.org/ernest.html

Sim, meus caros!! Jornalismo de quatro paredes não é a melhor coisa do mundo! Tem-se que sair na rua, pisar cocô de cachorro de vez em quando, sentir o odor fétido que emana das latas de lixo, mas sem esquecer jamais o perfume que vem das plantações de uvas da rota dos vinhos no Sul da França! Tem-se que olhar em volta e ver gente, ao invés de máquinas! Não somos máquinas, embora seja isto o que muitos chefes de redação por aí queiram. Nós somos feitos de carne e osso, e sangue e sentimentos, embora sejamos rechaçados por colegas de profissão, quando AINDA somos capazes de ficar chocados com certas cenas da triste e dura realidade.

Em tempo: será que eu fui a única que estremeceu quando viu o cadáver de um travesti, em plena rua Rego Freitas (acho que era essa, se não era uma que fica muito perto dela)?

De volta à minha terra

Voltei para o Brasil esta semana.

Pensei que os problemas de aviação não me atingiriam, mas a espera de quatro horas no aeroporto de Lisboa foi suficiente pra me deixar realmente estressada... Que fuso horário o quê, o maior problema do brasileiro que volta de uma viagem internacional é o aeroporto!

A faculdade está como sempre, os velhos amigos mudaram um pouco e os novos já começam a surgir. Aguardem mais notícias.

Beijos pra parede

O som que vem da torcida

Venho acompanhando nas últimas duas semanas o desenrolar dos jogos Pan-Americanos através da TV Record, o único canal brasileiro a que tenho acesso em Portugal. Vi as conquistas dos atletas em várias modalidades, e até mesmo assisti a alguns jogos ao vivo, ignorando as diferenças de horários ou as mudanças na programação habitual da Record Europa.

Pude ver o Maracanã, em uníssono, vaiando o presidente Lula. Pude ver a primeira medalha dourada do Brasil, conquistada por um "Silva" e aplaudida por milhares de outros "Silva"s. Pude perceber também como uma programação mal feita pode acabar com toda a magia do Pan.

Para além da edição muito mal feita da cerimónia de abertura, e da ausência da cerimónia de fechamento, as mesmas cenas repetidas várias vezes, o mesmo jogo do dia anterior a passar de novo e de novo, como se fosse possível inverter o placar, e ganhar ao invés de perder...

Acredito que muitos outros filhos do Brasil estão vaiando, mas infelizmente não podem ser ouvidos. Se a Record não tem imagens suficientes, pois então que não dê aos brasileiros que estão longe de sua pátria apenas o gostinho de metade das coisas que andam a acontecer abaixo da linha do Equador!

Quem ainda vai negar?

Uma notícia que parece inocente, comunicando a respeito de um jogo no Sul do Brasil, pode revelar algo que todos já sabem, embora muitos ainda se esforçem para esquecer.

Há chance de nevar em Inter x Paraná
Temperatura de -4ºC está prevista para a noite desta quarta-feira, em Porto Alegre
(leia a íntegra no link abaixo)
http://globoesporte.globo.com/ESP/Noticia/0,,MUL76189-4276,00.html

Um de meus grandes sonhos era poder um dia conhecer Paris. Outro grande sonho era ver neve. Finalmente tive oportunidade de visitar a França, em fevereiro deste ano, mas infelizmente o aquecimento global, as emissões de gases poluentes e a inversão térmica não me permitiram sentir frio, em pleno inverno, na cidade-luz.

Julho. Em Portugal é verão, e aqueles que ainda se lembram das aulas de Geografia podem confirmar, que na Europa o verão é uma estação seca. Seca? Tenho por acaso presenciado algumas chuvas por aqui. Chuvas estas que não apareceram durante o inverno, esta sim a estação chuvosa. Mas que raio está a acontecer com este planeta?

Já é um consenso, mas ainda não há acção. Não adianta apenas discutir de quem é a culpa, quem emite mais gases, quem produz mais lixo. É hora - aliás, já passou da hora - de agir, com uma iniciativa séria de reciclagem, reflorestamento, utilização consciente dos recursos não-renováveis. Quantas notícias como esta ainda virão antes que haja um desastre em cada canto do mundo?

Graças a tudo isso eu não pude ver neve na França. Graças a tudo isso meu sonho vai ter que esperar, pois afinal de contas nem que eu estivesse no Brasil poderia ver a possível neve cair. Até quando sonhos precisarão ser adiados para que alguém tome uma atitude?

Agradeço ao Pedro, que me mandou a mensagem.

Recomeço

Muito prazer, eu sou Sarah Kelly. Brasileira de nascimento, embora os limites do país tropical não tenham me segurado por muito tempo. Curso actualmente o terceiro ano de jornalismo.

A menos de uma semana de completar vinte anos, estou a iniciar meu quarto blogue, mas é sempre a mesma questão que ronda o primeiro texto: "que escrevo?". Vou me apresentar.

Sou curiosa, chata mesmo, e gosto de mandar. Às vezes um pouco enciumada, quase sempre de bom humor. À procura de algo novo pra mim.

Novo semestre, nova sala, de volta à minha terra. Hora de recomeçar, e este será o assunto até que tudo tenha de novo seu início.

Aguardem mais notícias.