Estação Sé, seis da tarde.
Eu estava ouvindo música no metrô (como sempre), quase cochilando, nem percebi direito quando ele entrou. Vi apenas um vulto de barba branca, e já estava me preparando para dar-lhe o meu lugar, quando simplesmente estaquei.
A barba de vários dias por fazer. Os ombros caídos. O nariz, a boca... era você! Não poderia ser, ele devia ter quase o dobro da sua idade. Mas ele tinha o seu jeito de andar. Você nunca vestiria as roupas que ele estava usando. Mas ele tinha o seu olhar. Aquele olhar que há meses não vejo em mais nenhum rosto; algo que era "só seu" até então.
Sensação estranha.
Eu tanto quis poder voltar no tempo e consertar os erros todos, quis apagar cada fotografia e queimar cada pedacinho de lembrança... de repente "você" estava ali... e daí?
Cabe aqui a mais recente (e óbvia) descoberta desta pobre cronista: Você não significa mais nada. Você não é único. E nunca foi especial.
Sou do tempo em que o remédio pra curar feridas ardia como o diabo. Mas depois voltava ao normal, à calma. Tá tudo bem agora.
Daqui pra frente? Não faço ideia. Maio já está no final e eu sinceramente não pretendo pensar mais nisso. E se pensar, posso me lembrar daquele senhor do metrô, vendo sem entender um sorriso de contentamento de uma garota que lhe cedeu o lugar e saiu cantando pelo vagão.
Texto perfeito!
ResponderExcluirEnsine quem precisa a deixar o que passou pra trás.
Amo demais.
eu vou roubar seu texto e credita hahaha
ResponderExcluirDesde que coloque o link aqui depois, fique à vontade ;)
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