Patchwork é uma coisa que parece simples mas dá um puta trabalho. Tem que cortar o tecido em pedaços, costurar pedaços pra formar blocos, costurar blocos pra montar todo o quebra-cabeça, fazer o forro, rechear com manta acrílica e depois alinhavar tudo de novo pra ficar fofinho como se deve. É nessa parte do alinhavo (aka quilting) que eu sempre entro pra ajudar, porque é a única parte em que eu posso costurar de um lado e a minha mãe do outro sem que uma atrapalhe a outra.
Ontem à noite eu resolvi pegar na linha e na agulha. Minha mãe tem um rádio que fica na sala de costura, sempre sintonizado na Alpha FM. Segue o diálogo:
- É, filha, você tem razão.
- Razão de quê?
- A Alpha tem só 200 músicas, que eles repetem sempre. Já tou há três dias aqui e não aguento mais ouvir a mesma coisa.
- Então põe um CD aí.
Pus a coletânea dos Beatles pra tocar. Não é o meu CD preferido, não era exatamente o que eu gostaria de estar ouvindo, mas agradaria aos ouvidos gerais naquele momento. Alguns minutos depois eu já estava entretida com o trabalho, comecei a cantar.
Last night I said these words to my girlI know you never even try girl...
Minha mãe ficou me olhando, nostálgica, surpresa ou sei-lá-o-quê. "Eu nunca imaginei minha filha cantando uma música que eu gostava de ouvir quando tinha a idade dela."
Ok, são 32 anos de diferença. Não imagino minha filha fazendo coisas que eu faço hoje, mas também não consigo pensar no tipo de música que ela vai gostar, nas roupas que ela vai vestir e nos programas que ela vai fazer. Só espero que o tempo seja bonzinho comigo e não transforme Restart e Justin Bieber em "clássicos".