Tenho muito orgulho em dizer que sou jornalista. Tirando aquela parte toda do ego da classe ser o maior de todas as áreas profissionais, vamos pular as piadinhas e ir direto ao ponto: eu gosto do que faço.
Mas se tem uma coisa na minha profissão que nunca me esforcei muito pra aprender foi tirar fotos. Sempre gostei de simplesmente apertar o botão e ver o que saía. Errei, sim - e como! Só meu bolso soube quais as consequências dessa minha mania na época das câmeras analógicas e filmes de rolo. Só meu HD sabe hoje em dia o número imenso de fotografias inúteis que já tirei (e guardei, mesmo sabendo que eram lixo).
Diziam, nos primórdios da fotografia, que os instantâneos tinham o poder de aprisionar as almas das pessoas. Ao ver algumas fotografias eu afirmaria isso com certeza, tamanha a beleza que um quadro de milésimo de segundo pode proporcionar. Ao ver outras afirmaria com a mesma certeza, tamanho o desespero que transmitem. Quem foi que disse que todas as pessoas eram boas e que tudo seria divino, maravilhoso?
Assim como existem os catadores que passam pelas ruas com suas carroças abarrotadas de coisas que outras pessoas jogaram fora, também há os catadores virtuais. Aqueles que insistem em pegar fotos que já foram consideradas lixo e reeditá-las, mudar contraste, cortar créditos e fazer parecer que aquilo é algo novo. Não é. Palavra de quem sabe reconhecer cada clique que já disparou. E, principalmente, de quem sabe de perto o que é ruim.
Diga "xis"!
Verdades simples
Sarah Kelly escreve neste blogue quando lhe é permitido. Ela quer que as pessoas ouçam o que ela tem a dizer, mesmo que muitas vezes tudo só faça sentido para ela mesma.
6 de maio de 2013
16 de março de 2013
O quinto sábado
... só um mês? Mais parece um século! |
Cá estou eu, no quinto sábado desde que o mundo virou de ponta-cabeça, só pra te escrever algumas linhas e expor minha alegria pra parede. Sim, porque esse blog é que nem aquela parede onde a gente anota frases de música, cola o pôster do filme favorito e escreve um palavrão de vez em quando, só pra contrariar a ordem vigente.
Ordem vigente.
Aquela que acontecia até o dia em que eu quis te conhecer. E convidei. E você aceitou. Até aquele dia em que a gente se encontrou pela primeira vez e eu soube que era você. Mas tive que esperar até o fim do dia pra ter certeza, mesmo.
Certeza.
Aquele arrepio que a gente sente, bem lá no fundo da alma, dizendo que alguma coisa está inevitavelmente e indelevelmente sendo construída. Aquele friozinho na barriga que dá quando você me diz que quer estar comigo. Eu também quero, eu também gosto, eu também não me importo com o resto do mundo e o que quer que aconteça.
E o que vai acontecer?
Só Deus sabe.
Tal qual uma exilada de um país distante, sigo com essa saudade que aumenta a cada vez que minhas mãos precisam deixar as tuas, meus braços precisam te largar e os pés andam na direção contrária à que o meu pensamento ordena.
Ordem?
Não existe mais ordem que tire você dos meus pensamentos, o sorriso da minha boca e a sua voz dos meus ouvidos. Já nomeei teus braços minha fortaleza, teu peito meu travesseiro e tudo o que você me traz de bom como espólio de guerra. Nada mais justo, já que você levou embora meu coração e aquele vazio que insistia em dar sinais de vida às vezes.
Obrigada por ter bagunçado a minha vida. Te amo.
18 de fevereiro de 2013
Um bom conselho
Já diz aquele bom e velho mote, que se conselho fosse bom, não seria dado e sim vendido. Ótimo. Mas quem é que tem coragem de cobrar de um amigo? Eu não tenho.
Novidade é um negócio interessante. Ela aparece de repente e você sente uma necessidade louca e imperativa de contar logo para aqueles que merecem saber dela. Após os primeiros relatos e o choque inicial -- sim, porque toda novidade traz um choque, por menor que seja -- começam a pipocar os primeiros conselhos.
Conselho é uma coisa engraçada, porque vem logo após a novidade, num tom de proteção/preocupação, mas ao mesmo tempo com toda a felicidade (ou tristeza) que se possa dedicar a um bom companheiro. É aquela frase que algum dia talvez você até já tenha ouvido do próprio amigo, em outro contexto, em outra situação. O mais comum é que o conselho venha inclusive acompanhado de uma risadinha, na maior denúncia de que, sim, você já viu aquele filme.
Nessa onda de "faça o que eu digo, não o que eu faço" seguimos, na maior cara de pau, reafirmando aquilo que um dia já recebemos como regra inquebrável, para o bem de todos e felicidade geral da nação.
Meu conselho no momento é: "Vá com calma". Calma e paciência, embora pareçam, não são a mesma coisa. Esta, eu tenho até de sobra quando quero. Aquela, nem com reza brava dá pra conseguir em certos momentos.
Sigo cantando, assoviando e desejando que o tempo amigo seja legal, porque faltarão dentes e sorrisos e músculos faciais e pernas e braços e abraços pra toda a alegria que, com calma, chegará afinal.
Novidade é um negócio interessante. Ela aparece de repente e você sente uma necessidade louca e imperativa de contar logo para aqueles que merecem saber dela. Após os primeiros relatos e o choque inicial -- sim, porque toda novidade traz um choque, por menor que seja -- começam a pipocar os primeiros conselhos.
Conselho é uma coisa engraçada, porque vem logo após a novidade, num tom de proteção/preocupação, mas ao mesmo tempo com toda a felicidade (ou tristeza) que se possa dedicar a um bom companheiro. É aquela frase que algum dia talvez você até já tenha ouvido do próprio amigo, em outro contexto, em outra situação. O mais comum é que o conselho venha inclusive acompanhado de uma risadinha, na maior denúncia de que, sim, você já viu aquele filme.
Nessa onda de "faça o que eu digo, não o que eu faço" seguimos, na maior cara de pau, reafirmando aquilo que um dia já recebemos como regra inquebrável, para o bem de todos e felicidade geral da nação.
Meu conselho no momento é: "Vá com calma". Calma e paciência, embora pareçam, não são a mesma coisa. Esta, eu tenho até de sobra quando quero. Aquela, nem com reza brava dá pra conseguir em certos momentos.
Sigo cantando, assoviando e desejando que o tempo amigo seja legal, porque faltarão dentes e sorrisos e músculos faciais e pernas e braços e abraços pra toda a alegria que, com calma, chegará afinal.
from http://oldposters.com.br |
1 de janeiro de 2013
A despedida
Ela já havia comido o que sobrara do pernil da ceia de ano novo. Já havia lavado metade da louça, o que incluía todos os pratos e talheres. Que deixasse as panelas. Era a hora.
Ela sabia o que precisava fazer. Desceu as escadas com o objeto nas mãos. Pegou uma rede, estendeu entre os pilares ao lado da churrasqueira e deitou-se. Abriu o livro, procurando pela ficha que havia deixado para marcar o ponto de parada do dia anterior. Faltavam 40 páginas para concluir o relato das aventuras e desventuras de Viramundo e de suas inenarráveis peregrinações.
Os raios fracos do sol bruxuleavam entre os pinheiros que se movimentavam ao sabor do vento. Geraldo Viramundo chegava a Belo Horizonte, um retirante sem mais do que as roupas do corpo, um terço quebrado, uma caderneta, um toco de lápis e algumas outras miudezas no bolso.
Relendo o livro de Fernando Sabino ela teve vontade de mais uma vez largar tudo pra sair por aí, meio sem rumo, meio sem pressa pra voltar. Mas o tempo urge, em duas semanas ela estará de volta à alma mater e à nova velha rotina à qual ainda não conseguiu se acostumar.
Então é assim que a vida segue. Ela teve que chegar à última página. Matou o Viramundo e as suas andanças, justo no primeiro dia do ano.
"Não precisamos disso - afirmou ele. - Não venceremos a coice d'armas. Outro é o nosso poder de fogo, outro é o fogo do nosso poder" (Geraldo Viramundo, in O Grande Mentecapto)
Ela sabia o que precisava fazer. Desceu as escadas com o objeto nas mãos. Pegou uma rede, estendeu entre os pilares ao lado da churrasqueira e deitou-se. Abriu o livro, procurando pela ficha que havia deixado para marcar o ponto de parada do dia anterior. Faltavam 40 páginas para concluir o relato das aventuras e desventuras de Viramundo e de suas inenarráveis peregrinações.
Os raios fracos do sol bruxuleavam entre os pinheiros que se movimentavam ao sabor do vento. Geraldo Viramundo chegava a Belo Horizonte, um retirante sem mais do que as roupas do corpo, um terço quebrado, uma caderneta, um toco de lápis e algumas outras miudezas no bolso.
Relendo o livro de Fernando Sabino ela teve vontade de mais uma vez largar tudo pra sair por aí, meio sem rumo, meio sem pressa pra voltar. Mas o tempo urge, em duas semanas ela estará de volta à alma mater e à nova velha rotina à qual ainda não conseguiu se acostumar.
Então é assim que a vida segue. Ela teve que chegar à última página. Matou o Viramundo e as suas andanças, justo no primeiro dia do ano.
"Não precisamos disso - afirmou ele. - Não venceremos a coice d'armas. Outro é o nosso poder de fogo, outro é o fogo do nosso poder" (Geraldo Viramundo, in O Grande Mentecapto)
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