5 de outubro de 2008

Candidatos porcalhões & cia.

Não há coisa mais contraditória do que ser "convocado" a trabalhar como mesário nas eleições (sejam municipais ou estaduais/federais). Tudo começa com o agente da justiça eleitoral batendo à porta de sua humilde casa e entregando um papel que diz que "o serviço eleitoral é obrigatório e tem preferência sobre qualquer outro. O faltoso sujeitar-se-á às penas dos artigos 124 e 344 do código eleitoral"... Isso significa pagar multa de meio salário-mínimo e até mesmo pena de reclusão, de no máximo dois meses. Dá até pra imaginar a cena, dois sujeitos conversando dentro de uma cela:

"Fez o quê pra estar aqui?"
"Matei dois, e você?"
"Fugi do serviço de mesário"

... Bizarro, não? Para amenizar a situação e o clima de ameaça, a pessoa que se dispuser (ou que for obrigada) a passar seu domingo em uma sala de alguma escola de votação tem direito a folga do dobro de dias em que ficou à disposição da Justiça Eleitoral. "Ao menos eu descanso um pouco..." (frase real pronunciada por um dos mesários)

Como se não bastassem os fiscais de partido, que ficam estrategicamente posicionados nos locais de votação para conferir se outras pessoas (além deles) estão fazendo propaganda boca-de-urna, existe também uma outra modalidade muito peculiar de tentar angariar os votos dos indecisos de última hora: os famosos "santinhos".

Santinho é aquele pedaço de papel que a gente pega na rua e joga na primeira lixeira, porque político tem a mesma cara de paisagem em qualquer fotografia. Santinho serve como papel de rascunho, principalmente se o candidato não tem muita verba pra campanha e só imprime um lado do cartão. Serve pra fazer origami, colagem, bolinha de futebol de botão, ou o que a imaginação mandar. Serve também pra jogar em frente à escola, no sábado à noite, dia anterior ao da eleição.

Hoje o portão da escola em que eu fui trabalhar (em Arujá/SP) estava assim: repleto de santinhos. Choveu bastante durante toda a noite, então todos os pedaços de papel já estavam devidamente encharcados. Agora, eu pergunto: o que esses candidatos ganham com essa propaganda suja (em todos os sentidos)? Será que eles pensam que alguém vai realmente olhar para o chão, pegar um desses papéis e votar?

Como boa causadora de problemas que sou, não podia ficar de fora. Segue, abaixo, a lista dos candidatos que sujaram a rua. Deveriam ser obrigados a recolher tudo, mas acredito que uma impugnação de sua candidatura fosse, na verdade, a melhor solução. Quem sabe, também, uma temporada na cadeia, só pra marcar bastante a lição a ser aprendida (e a ficha criminal do sujeito). Se os mesários que fogem são punidos, por que não os candidatos? Voltemos à cela:

"Por que você está aqui?"
"Assaltei um banco. E você?"
"Joguei santinhos na porta da escola"
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Candidatos a vereador porcalhões:

10123 – Dr. Marcio Oliveira
11622 – Lucia
13031 – Solange Rodrigues
13123 – Profª Chrystiane
13400 – Eloisa
14000 – Ailton do Sindicato
14070 – Luis Leite
14212 – Cleber da COK
14222 – Flavia Sanches
14333 – Eliene
15015 – Maria do Rosário
15111 – Venancio Beer Box
15633 – Jussival
15699 – Cidinha Aniceto
22672 – Cocera Cabelo
23223 – Theodoro Powerbat-Bateria
23300 – Elisângela
25010 – Tom
25123 – Hassune Doceria Prazer
25400 – Gabriel
33333 – Serginho Beleza
43123 – Ifigenia Oliveira
45000 – Edson da Auto escola
45622 – Betinho do Emilia
45650 – Ariane Luongo
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