19 de junho de 2012

Uma esquina a mais

Quando se tem contato quase que diário com as crianças a gente acaba meio que virando "tia", "madrinha" ou algo que valha pra eles. Seja pra assuntos bestas, como o último meme do momento, seja pra coisas fúteis, como "Ai que lindo seu esmalte! Quem é esse bicho amarelo?" ou mesmo assuntos quase úteis como estudos, vocação, etc.
Sexta-feira uma dessas me chegou alegre e saltitante, com um sorrisão de orelha a orelha.

"Aaaai, Saaaaaarah, tou tão feliz que fiz toda a lição!" (Parem as prensas! Hehehe)
"Deixa eu adivinhar. Você tá namorando?"
"Como você sabe? O.o "
"Tem coraçõezinhos flutuando em volta da sua cabeça..."
"Aaaaaaaai ele é tão lindo! E fofo!! E ele disse que gosta de mim!!! Mas ele mora longe..."
"De onde ele é? Do Acre?"
"De São Paulo." (Ah, só 30 km, que é isso? Vem perguntar pra mim o que é longe, minha filha!)
"Que bairro?"
"Sei lá"
"Como não sabe? Você nunca foi à casa dele?"
"Não."
"Então?"
"Ele é meu amigo de Facebook." (Ai não...)
"Vocês se conhecem pessoalmente?"
"A gente foi pra um acampamento no ano passado." (Ufa! Pelo menos!)
"Ou seja, vocês estão namorando mas nunca deram um beijo?"
"É" (Ah, como é fácil fazer esses jovens felizes!)


Claro que essa conversa não foi direta assim, mas a menina não parava de suspirar, a cada 5 minutos falava algo sobre ele. Fui juntando tudo.
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Hoje a mesma menina apareceu cabisbaixa. Nem precisei perguntar, a novidade caiu no meu colo.

"Não tou mais namorando."
"Por quê?" (Posso levantar a plaquinha de "Eu já sabia"?)
"Ele gosta de outra. Ele ficou com ela."
"Então ele não gostava de você."
"Mas ele ficava me mandando coraçõezinhos e mensagens fofinhas!" (Xiii! Corre, Bino!)
"Menininha, você tem quantos anos mesmo? 14?"
"13."
"Ótimo. Daqui a 10 anos você venha conversar comigo."
"Mas tá doendo!" 
"A ilusão ou o chifre?"
"Os dois. Eu tou com muita raiva dele!"
"Que te sirva de aprendizado." (Pra você não ficar que nem a tia aqui...)
"Mas eu gosto dele!"
"Mas ele não se importou com você, né?" (Ai, desculpa, Menininha! É necessário!)
"Não..."
"Então não se importe com ele. Deixa esse bobo de lado."
"Eu queria que fosse fácil."

É fácil. Ou não. Quando se tem 13 anos, o mundo sempre acabará na próxima esquina. Desconfio que mais à frente aconteça a mesma coisa também, mas as esquinas vão se alargando, ou é o tamanho dos quarteirões que fica diferente.
Pelo menos serviu pra que eu descobrisse por que não gosto mais de assistir a comédias românticas água-com-açúcar. Não gosto de (re)ver minha vida no cinema, principalmente as partes bestas dela. Mas nada que uma panela de brigadeiro não resolva, né? ;)
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