5 de abril de 2010

Doutor, eu não me engano

"E aí, vô, quanto vai ser o jogo hoje?"

Dois a um pro Timão. Foi a sentença do senhor de 80 anos que me despertou o gosto pelo Corinthians desde que me entendo por gente. Sentenciou e ainda completou: "Ituano é um time bom, tem uns dois caras lá que jogam pra caramba. De que adianta o Corinthians ter um monte de caras bons se eles não fazem nada?"

Passei o primeiro tempo sentada ao lado dele, vendo um desfile de pernas desencontrdas e pés tortos chutando pra fora das quatro linhas brancas. O menino Moacir perdeu um gol fácil por querer usar a canela ao invés da cabeça. O experiente Ronaldo pode até ser ídolo, mas pouco conseguia fazer para alegrar a Fiel Torcida.

Como nem tudo pode ser ruim, o goleiro Rafael Santos parecia finalmente ter entrado nos eixos. Em contrapartida o goleiro do Ituano, Éder, defendia as traves com a ajuda de praticamente todo o time. A zaga era pequena pra tantos atletas vestindo a camisa listrada vermelha e preta. Roberto Carlos tentava, tentava, mas sempre passava pra alguém que não conseguia finalizar. Nenhum gol em quarenta e cinco minutos sob o sol de São José do Rio Preto.

Segundo tempo, mais erros que poderiam ser evitados, e mais comentários do senhor grisalho que fingia não se abalar muito ao ver o iminente empate do seu time do coração com o ocupante do décimo quinto lugar na tabela. "O Ituano é um time bom, bateu o Palmeiras", justificava. Não, não bateu. Só empatou. Três a três contra o time que já há algumas rodadas consegue levar surras épicas dentro de seu próprio campo. O mesmo Ituano que sofreu nove gols da molecada do Santos. Não é justo que este Ituano impeça o meu Corinthians de voltar pro G4.

Aos 80 minutos veio o primeiro grito que estava preso na garganta, pela cabeçada certeira de Jucilei. Cinco minutos depois o Fenômeno finalizava uma bela jogada de Tcheco. Pronto, o Corinthians já havia feito os dois gols da previsão e ainda não havia sofrido nenhum. Por mais que eu quisesse que meu avô estivesse certo, preferi torcer pra acabar logo a partida, antes que o terceiro goleiro do Corinthians perdesse a mão e deixasse a redonda vazar até o fundo da rede.

Felizmente Chronos e todas as outras entidades que controlam o andar dos ponteiros resolveram aliviar um pouco a minha tensão. O tempo voou, assim como voavam bolas de um lado e de outro do campo, num último esforço para aumentar o placar, fosse em que lado fosse.

Apita o árbitro, termina o embate. Dois a zero foi o placar, com muito sofrimento... mas não era disso que se alimentava o coração corinthiano?

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