10 de maio de 2011

A dama e o vagabundo

Você é certinha demais pra mim. Ou talvez eu é que seja largado demais pra você.

Você se arruma toda, pinta as unhas de vermelho, passa batom e finge que me engana dizendo que só faz isso porque está com os lábios rachados de frio. Sei bem o frio que eu sinto quando você me olha daquele jeito fundo, procurando ver lá dentro algo que está estampado na minha testa faz tempo.

Você ri de um jeito tão sincero que eu até me envergonho do meu riso amarelo com borrachinhas verdes. Principalmente depois que você, corinthiana roxa, já disse que não gosta de verde. Eu sei que não foi pra mim, mas até a próxima visita ao dentista eu juro que não abro um sorriso pra você!

Você tem aquela mania besta - que eu adoro - de ficar cantarolando baixinho qualquer música que esteja grudada na sua cabeça. E que repertório! De Beatles a Falcão, nada escapa. Quando não conheço eu faço cara de paisagem porque sei que você vai me dizer quem, de onde, de quando, qual o estilo e o melhor cd pra eu ouvir. Quando eu já conheço até tento cantar junto, só por dentro, mas o nosso dueto ainda precisa de muitos ensaios pra uma apresentação digna.

Você finge que não se importa quando eu não te dou atenção, mas depois fica arranjando qualquer desculpa pra falar comigo. Eu evito de propósito, e não pense que dói menos em mim cada vez que eu sumo sem dar explicação.

Isso porque eu sou esse bicho desengonçado que veste sempre a mesma camiseta surrada dos Ramones e ainda gosta de assistir Simpsons. Que não faz nada direito e morre de medo de realmente nada dar certo no fim das contas. Eu sou apenas um rapaz latino americano com alguns trocados no bolso e vontade de te levar pra bem longe daqui. Você iria?

(Lúcio Paulo - 10/05/2011)

Um comentário:

Go ahead. Feel free.

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