25 de outubro de 2009

Meio século


Fui ontem à festa de bodas de ouro do irmão do meu avô. Chorei litros, revi alguns primos e tive lembranças de pessoas com as quais não convivi, mas que fazem parte da grande (em vários sentidos) família Piasentin.

Meu avô morreu há 24 anos, menos de uma semana depois do casamento do meu pai. O irmão dele é muito parecido com ele, e está com setenta e alguns anos, lúcido porém com alguns movimentos comprometidos. A saúde uma hora pede as contas, certo?

Cumprimentei velhos, não tão velhos e novos primos de segundo, terceiro e quarto grau. Meu pai e meus tios a cada 2 minutos diziam: "Vem conhecer o tio". Pra eles a festa foi bem mais interessante do que pra mim, já que cada par de olhos que me olhavam acompanhava um sorriso sem graça e sempre a mesma pergunta: "Você é filha de quem?". Pra eles foi uma forma de relembrar os domingos da infância passados na casa da nona, regados a Crustolle e vinho para os mais velhos.

Não sei se por muito amor ou por muita teimosia (ou por uma incrível mistura dos dois) os pais da minha mãe estão juntos há 55 anos. Nesta festa eu mais do que assistir ajudei também a preparar homenagens, fazer convites, decorar igreja. Já presenciei algumas bodas de ouro nestes 22 anos. Dos irmãos dos meus avós, dos meus próprios avós, de amigos do meu avô que ele considera irmãos. Nenhuma é igual à outra, mas todas são igualmente emocionantes.

Todos eles superaram dificuldades, crises e diferenças para estar juntos. Deixaram muita coisa de lado pra passar o resto da vida com as pessoas que amavam. Andava eu meio cética a respeito de vida a dois, mas ontem me lembrei que tenho na minha vida exemplos de sobra que me fazem ter certeza que se for a pessoa certa valerá muito a pena.

23 de outubro de 2009

Mais uma noite

Escrito na madrugada de ontem.

(00h08) Passei meia hora me olhando no espelho. Comecei como quem não tem mais nada útil pra fazer, cuidando das espinhas e arrumando a sobrancelha; mas depois comecei a reparar em mim mesma. Olhei de lado, olhei de cima, olhei de baixo. E não vi mais nada.

Não vi mais aquela criança que adorava assistir desenho na TV e andar de patins, mesmo que isso a deixasse com enormes bolhas nos pés chatos. Não vi mais aquela adolescente mimada, que gostava de espiar de longe os meninos da escola dela quando jogavam futebol e ficavam se exibindo pras menininhas. Não vi mais aquela mulher que ainda não está pronta, que mal sabe das coisas do mundo mas insiste em fingir saber, só pra que não a façam de tonta.

Não vi mais do que uma adolescente ainda criança, assustada com a possibilidade de ter que virar mulher antes do planejado. Não vi mais do que uma moça desiludida da vida, lutando pra que ela ainda tenha alguma cor, algum sentido, algum fim. Não vi mais do que olhos castanhos (como os de toda a gente) deixando escorrer uma lágrima que não deveria estar ali. Não vi mais do que cabelos vermelhos molhados, que ao secar fazem caracóis bonitos mas quanto mais ela se esforça por cuidar mais lisos e disformes eles ficam.

Não vi dentro dos olhos dela nenhuma luz que pudesse sair. Havia uma lanterninha fraca, quase sem pilha, acesa lá no fundo. E um coração apertado, quase escondido, meio caído, meio dormindo. Foi isso o que eu vi, e me assustei, e chorei, e saí correndo da frente do espelho, por não querer ver mais nada. (00h38)

21 de outubro de 2009

Frases roubadas

Duas semanas de noites insones e mente culpada (e ocupada) demais. Ouvi demais, falei de menos e tive que trilhar de novo alguns caminhos que eu achava que já haviam ficado pra trás. É a Vida? Definitivamente não a que eu escolheria, se tivesse essa oportunidade. Então estas são apenas partes do que aconteceu e ainda acontece por aí:

Você é novinha demais pra entender.

Não é bem assim.

Sim.
Não.
Nunca mais.

Você não aguentaria um dia.

Não duvide de uma ruiva.

A culpa é sua.
A culpa não é sua.
A culpa é minha.

Você não presta. Nunca prestou.

Você me levou pro mau caminho.

Por quê?
Pra quê?
O que você pensou?

Que inferno.

É a derrota.

-Tem um remédio pra ressaca moral aí?
-Não, mas esse aqui vai te fazer dormir.

Traz mais uma por favor?

Queria voltar no tempo.
Já faz muito tempo.
Faz tanto tempo!
Dê tempo ao tempo.

Fica bem.

14 de outubro de 2009

Das facilidades da Internet

Trem bão que é essa tal de Internet.

O mundo fica a seus pés.

Só tome cuidado pra que seus pés não deixem o mundo.

8 de outubro de 2009

Little poem

Keep your faith.
Put your dreams in a box.
The fight is coming and
You don't want to loose them.

Let the tears wet your face,
You don't need to take them with you.
The red liquid that crawl in your veins isn't blood
It isn't the blood that you feel burning in your heart.

Your heart...

Don't bring your heart to the battle field.
This is the only way you have to win.

And, in the end, when all is over
Dance, pray and honor your God.
The victory is His.

Sarah Kelly - 08/10/2009

4 de outubro de 2009

Pois acabou, não vou rimar coisa nenhuma, agora vai como sair.

Domingos à noite são péssimos momentos pra experimentar tédio, solidão ou carência. Quando todos vêm juntos é o fim do mundo. Ladies and gentlemen, welcome to my personal apocalipse!

Quero escrever tudo o que está na minha cabeça mas estou sem palavras, seja em qual idioma vierem. Geralmente eu uso inglês pra isso, parece que a dor flui mais fácil na língua da Rainha, mas afinal de contas eu sou apenas uma princesa que luta por algum espaço neste mundo que não acredita mais em contos de fadas. Ou poderia usar castellano, a língua sexy e proibida, com todas as palavras lascivas que uma pessoa carente deseja tornar realidade.

Tudo o que eu queria dizer já foi dito, e não me sinto muito à vontade pra simplesmente copiar e colar tudo aquilo.

And I can't be holding on to what you got
When all you got is hurt.

Dói, ninguém nunca disse que seria fácil, mas tá sendo mais difícil do que eu gostaria. E quem me conhece sabe que eu não ligo pra dor. A dor interna, óbvio. De dores físicas já me bastam aquelas que infelizmente não posso evitar. Dói, mas passa. Dói, mas dói de um jeito bom. Me faz sentir viva, respirando. Faz pensar em cada gesto e planejar cada passo. Faz perder a direção, o sentido e a noção das coisas. Faz acelerar o coração e o sangue fluir por todo o corpo. Dá vertigem, calafrio. Dá febre.

Queria também testar alguns limites. Chegar ao topo, ou ir a fundo. Andar em brasas, pisar em ovos, fazer loucuras e ter algo para esconder dos meus filhos e confessar aos meus netos. "Eu quero mais uma dose desse veneno", seja ele qual for.

Don't cover up the road to love
With words that can't express
The truth implies you're high and dry
And you're a long way from happiness

É isso, eu acho.
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